Do Afeganistão à República Democrática do Congo (RDC), os conflitos do mundo tornam-se mais brutais, intensos e generalizados e as crianças estão cada vez mais vulneráveis ao recrutamento por grupos armados, alertou a ONU nesta quinta-feira (12), no Dia Internacional contra o Uso de Crianças-Soldado.
O Fundo das Crianças das Nações Unidas (UNICEF) e a representante especial do secretário-geral da ONU para Crianças e Conflitos Armados fizeram um chamado de “ação urgente para acabar com as violações graves contra crianças”.
A representante especial, Leila Zerrougui, reconheceu os avanços realizados por exércitos em todo o mundo em estabelecer que as crianças não têm lugar em suas frentes de combate. No entanto, ressaltou que para os grupos armados essa questão não é um impedimento. Dos 59 grupos atuantes em conflitos e identificados pelo secretário-geral da ONU por violar gravemente os direitos das crianças, 57 recrutam e usam crianças-soldado.
Segundo a ONU, dezenas de milhares de meninos e meninas estão associados com as forças armadas e grupos armados em conflitos em mais de 20 países ao redor do mundo. No Afeganistão, por exemplo, as crianças continuam a ser recrutados pelas forças de segurança nacionais e, em alguns casos extremos, usados como homens-bomba. Enquanto isso, nos territórios do Iraque e da Síria controlados pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL), crianças a partir dos 12 passam por treinamento militar e são usadas para realizar atentados suicidas e execuções.
Ao mesmo tempo, um número de conflitos na África testemunharam um aumento da utilização de crianças para fins militares. Na República Centro-Africana, onde a violência sectária continua a repercutir em todo o país, meninos e meninas de até oito anos de idade foram recrutados e utilizados por todas as partes envolvidas no conflito.
A RDC tem testemunhado um fenômeno similar. Os meninos são enviados para atuar nos conflitos, enquanto as meninas são usadas como escravas sexuais. No Sudão do Sul, algumas crianças-soldado já lutam há mais de quatro anos e muitos nunca foram à escola. Só no ano passado, 12 mil crianças, a maioria meninos, foram recrutadas e usadas como soldados por forças e grupos armados no Sudão do Sul.
“A libertação de todas as crianças dos grupos armados deve ocorrer sem mais demora. Nós não podemos esperar pela paz para poder ajudar as crianças pegas no meio da guerra”, disse a vice-diretora executiva do UNICEF, Yoka Brandt. “Investir em maneiras de manter as crianças longe das linhas de frente, inclusive através da educação e apoio econômico, é absolutamente fundamental para o seu futuro e o futuro de suas sociedades.”