Natalia da Luz, Por dentro da África
Um mês após o lançamento de animação destinada à conscientização das crianças nigerianas em meio à pandemia de Covid-19, o diretor Niyi Akinmolayan produziu novo episódio para fazer um alerta sobre os hábitos de pais que negligenciam as medidas de proteção.
“Nós demos continuidade ao projeto porque as crianças queriam mais, adoraram os personagens e também porque sentimos que há mais mensagens para compartilharmos sobre a autoproteção e proteção da família”, disse Niyi ao Por dentro da África.
No vídeo de quase dois minutos, dois filhos chamam atenção do pai enquanto ele tenta sair de casa sem a proteção necessária. Funke, a irmã mais velha, questiona a ausência da máscara, enquanto o pai comemora o término do lockdown. Habeeb se une à irmã e coloca uma máscara no pai, que demonstra enorme insatisfação. “Eu sou um chefe, não posso sair com isso. Olha como estou ridículo!”, reclama o pai.
“A maioria dos homens africanos parece que vem mostrando mais teimosia para cumprir as exigências das autoridades de saúde, especialmente comerciantes e homens de negócios. Por isso, decidimos fazer esse segundo episódio usando a figura do pai businessman como exemplo”, disse o cineasta que busca apoio para fazer uma série com a sua equipe do estúdio Anthill.
No país mais populoso da África (com cerca de 200 milhões de habitantes), até o dia 22 de maio, o Centro Nacional de Controle de Doenças havia contabilizado 7.256 casos e 221 mortes por Covid-19. Em todo o continente africano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há 109.300 casos e 3.266 mortes pela doença. Nesta semana, em Lagos, onde vive Akinmolayan, os bloqueios foram facilitados, mas há o ‘toque de recolher’ obrigatório, das 20h às 6h.
“O governo nigeriano está fazendo o possível para assegurar que a curva de contaminação seja achatada. Em relação à sensibilização em escala mais abrangente, criamos conteúdos para que as autoridades possam partilhar informações sobre a pandemia e os cuidados pessoais”, completou o diretor.
Niyi lembrou que os personagens (Funke e Habeeb) haviam sido criados para um projeto no ano de 2018 que acabou sendo colocado na gaveta por falta de recursos. Como o trabalho ainda está em desenvolvimento, o nigeriano achou oportuno apresentar os personagens neste momento de reflexão global.
“Criamos a animação para partilhar nas mídias sociais a fim de alcançar crianças de todo o mundo. Pessoas de outros países enviaram mensagens para a nossa equipe perguntando se poderiam recriar a voz na língua oficial deles. Isso nos deixou surpresos e muito felizes”.
A animação sobre a Covid-19 foi produzida em 4 das línguas nigerianas mais faladas (inglês, igbo, iorubá, hauçá), o que retrata um pouco da diversidade cultural do país que possui cerca de 250 etnias. Para doar e apoiar a produção de mais episódios, clique aqui.
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