Episódio #16 – Narrativas da História em manuais escolares em Moçambique, com Isleia Streit

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No episódio número 16, o Por Dentro de África Podcast conversou com a professora de História de Educação Básica no Rio Grande do Sul e Doutoranda em Estudos Africanos no ISCTE, Isleia Streit. A investigadora aborda as “Narrativas da História em Manuais Escolares de História em Moçambique.”

Trata-se de uma pesquisa voltada ao ensino secundário com “um objeto teórico com foco nas imagens e no conteúdo dos manuais para compreender como as teorias da História e as abordagens do passado são transmutadas para os livros, ou seja, como as linguagens académica e didática se relacionam,” afirma Isléia.

Em Moçambique, o Sistema Nacional de Educação (SNE) foi estabelecido em 1983 com o objetivo de proporcionar educação para todos e romper com o sistema educacional herdado do colonialismo. Embora jovem, já passou por várias alterações com vista a adequar-se às novas exigências do país e se aproximar mais do contexto real e do estudante.

A investigadora brasileira parte da ideia de que os manuais seguem uma linearidade cronológica ainda muito vincada na perspectiva positivista do progresso politico e econômico e na influência da ação dos agentes externos na história nacional e, propõe uma linguagem de diversificação de pensamento.

Segundo Isléia, existem diferentes formas de se contar o passado. Há várias escolas teóricas e os manuais devem refletir essa pluralidade e criticismo. A pesquisadora defende uma teoria mais focada nas fontes, mais cultural e virada para a tradição oral e aspectos ligados ao nacionalismo, luta, grupos de resistência, movimentos e até novas narrativas de mulheres onde o protagonista é o próprio moçambicano.

A pesquisa conta com contribuições do filósofo e pedagogo moçambicano Severino Ngoenha, e questiona o enquadramento dos manuais do pensamento africano produzido ao longo do século XX por pensadores como Cheikh Anta Diop, Hountondji, Joseph Zi-Zerbo, Achile Mbembe e até trabalhos mais recentes do Centro de Estudos de Dakar, CODESRIA.

Os desafios de acomodar milhões de estudantes no ensino e a falta de uma indústria de edição e produção nacional do livro forte são outros dos aspectos que Isleia Streit considera na sua tese.

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