História: Livro destaca a circulação do marfim no Império português

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Com informações de Angola Research Network

No rastro do marfim é um estudo pioneiro sobre a comercialização e circulação do marfim no Império português. Através de uma pesquisa detalhada em arquivos portugueses, angolanos e brasileiros, Rogéria Cristina Alves redimensiona o volume comercial do marfim e o conecta ao comércio de seres humanos escravizados, argumentando que, desde o século XVI, os comerciantes europeus tentavam controlar as rotas e a produção do marfim em Angola.

Sem negar a importância e o impacto devastador do comércio de almas, Alves destaca a centralidade do marfim na balança comercial entre Angola e Portugal antes da expansão do chamado comércio lícito. Ao fazê-lo, revela que sociedades africanas controlavam a caça e a circulação do marfim no interior do continente e que o contrabando era uma constante no funcionamento do Império português.

No rastro do marfim é inovador e destaca a importância do marfim como agente histórico, que motivou competição entre sociedades na África centro-ocidental e entre comerciantes europeus. A análise da produção e venda de produtos manufaturados em marfim, como os pentes e bolas de bilhar, demonstra como os interesses da burguesia portuguesa estavam diretamente vinculados com a ocupação de Angola e do controle do comércio.

Rogéria Alves revela como os gostos europeus pelo marfim, assim como pelo café, açúcar e chocolate, estavam atrelados à exploração da mão de obra africana livre e escravizada, assim como a conquista, colonização e ocupação de territórios nas Américas, África e Ásia. Um livro que deve ser lido e relido.

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