Por dentro da África
Nascida na Nigéria, a escritora Chimamanda Ngozi Adichie usa seu exemplo de vida para destacar o perigo de uma história única. Filha de um professor universitário e de uma secretária, ela cultivou, desde a infância, o gosto pela literatura, principalmente inglesa, até descobrir a africana!
“Quando comecei a escrever, por volta dos sete anos, eu escrevia exatamente os tipos de histórias que eu lia. Todos os meus personagens eram brancos de olhos azuis. Eles brincavam na neve, comiam maçãs. E eles falavam muito sobre o tempo, em como era maravilhoso o sol ter aparecido, apesar do fato de eu morar na Nigéria”, conta a escritora durante sua apresentação, em 2009, no TED (Technology, Entertainment, Design), conferência que promove a troca de experiências e ideias entre personalidades de diferentes áreas.
Quando completou 19 anos, Adichie deixou o continente africano rumo aos Estados Unidos. Depois de estudar na Universidade Drexel, na Filadélfia, foi transferida para a Universidade de Connecticut. Fez estudos de escrita criativa na Universidade Johns Hopkins de Baltimore, e mestrado de estudos africanos na Universidade Yale.
“Minha colega de quarto americana ficou chocada comigo. Ela perguntou onde eu tinha aprendido a falar inglês tão bem e ficou confusa quando eu disse que, por acaso, a Nigéria tinha o inglês como sua língua oficial. Ela perguntou se podia ouvir a minha “música tribal” e, consequentemente, ficou muito desapontada quando eu toquei minha fita da Mariah Carey. O que me impressionou foi que ela sentiu pena de mim antes mesmo de ter me visto. Minha colega de quarto tinha uma única história sobre a África. Uma única história de catástrofe. Nessa única história não havia possibilidade de os africanos serem iguais a ela”, recorda, mencionando a “história única” como um estimulador dos estereótipos, principalmente em relação ao continente africano.
Na apresentação, a escritora nigeriana destaca que todos os seus livros falavam sobre personagens estrangeiros, mas isso mudou quando ela descobriu os livros africanos e percebeu que meninas com a sua cor e nascidas no continente africano também tinham espaço na literatura. Seu primeiro romance, Purple Hibiscus, foi publicado em 2003, o segundo, Half of a Yellow Sun, ganhou o Orange Prize para ficção em 2007.
Confira o enriquecedor discurso abaixo
Por dentro da África