As vozes dos jovens no discurso sobre a IA e as práticas de educação na África

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Imagem de arquivo de Creative Commons

Com informações da UNESCO

Na celebração do Dia Internacional da Educação (comemorado em 24 de janeiro), a UNESCO ROSA (Regional Office for Southern Africa) deu voz aos alunos da África Áustral para partilharem as suas experiências sobre a ligação entre a Inteligência Artificial e a Educação.

Em maio de 2023, uma pesquisa da UNESCO revelou que, entre 450 escolas e universidades do mundo, apenas 10% haviam desenvolvido políticas institucionais formais para o uso da inteligência artificial (IA), especialmente no que se refere a aplicações de IA generativa. Outra pesquisa da UNESCO, realizada no início de 2022, mostrou que apenas sete países haviam implementado diretrizes ou programas relacionados à IA para professores e educadores, enquanto 15 nações incorporaram objetivos de treinamento em IA em seus currículos nacionais — nenhuma delas localizada no sul da África.

Moderando as discussões, Rovani Sigamoney, Especialista em Programas de Educação da UNESCO, destacou a necessidade de utilizar a IA como um recurso para aprimorar a educação, garantindo que ela apoie e fortaleça a inteligência humana, em vez de substituí-la. Os participantes enfatizaram a importância de competências digitais, pensamento crítico e criativo, além do aprendizado ao longo da vida, como ferramentas essenciais para lidar com um mundo cada vez mais automatizado. Questões éticas, colaboração entre humanos e IA, inteligência emocional e social, e a construção de sistemas educacionais inclusivos e equitativos também foram temas recorrentes, reforçando a visão de que a IA deve ser usada como uma força positiva na educação.

Inclusão e Representatividade na IA

Durante o evento, os participantes destacaram a necessidade de desenvolver tecnologias de IA com inclusão em mente, garantindo que alunos de todos os contextos tenham acesso e se beneficiem dessas ferramentas.

Aone Aabobe, de Botsuana, enfatizou que os formuladores de políticas devem priorizar a alfabetização digital e a educação ética para capacitar os jovens a lidar de forma responsável com o avanço da IA.

“A educação é a ferramenta mais poderosa para preparar as pessoas para um mundo automatizado. Ao ensinar alfabetização digital, estimular o pensamento crítico e criativo, promover o aprendizado contínuo e reforçar a ética e a responsabilidade, podemos garantir que a agência humana seja preservada em meio à automação.”
– Aone Aabobe, Botsuana

Já Tshegofatso Molepo, da África do Sul, alertou que a falta de engajamento dos africanos com a IA pode perpetuar preconceitos contra eles.

“A educação deve nos preparar para lidar com mudanças. Ela nos ensina a pensar de forma criativa. Mas, acima de tudo, as escolas têm o poder único de definir o que realmente significa essa ‘inteligência’ ser ‘artificial’.”
– Tshegofatso Molepo, África do Sul

Ela também reforçou a importância de aproveitar as oportunidades oferecidas pela educação, em vez de temer a mudança:

“As pessoas mais bem-sucedidas do mundo não são aquelas que fogem diante das adversidades, mas sim aquelas que transformam mudanças em oportunidades. Então, escolha fazer a inteligência artificial trabalhar a seu favor.”
– Tshegofatso Molepo, África do Sul

Chamado para Ação

O evento foi encerrado com um chamado inspirador à colaboração por parte da UNESCO, que reforçou a importância da união entre educadores, pesquisadores, formuladores de políticas, estudantes e desenvolvedores de tecnologia para garantir que a IA permaneça ética, inclusiva e promova o potencial humano.

Ao dar voz aos jovens, a África Austral está moldando um caminho mais inclusivo e responsivo para a IA na educação. Com sua crescente participação no debate e na criação de políticas, a região se posiciona para aproveitar o potencial transformador da IA, capacitando alunos e educadores e promovendo uma educação de qualidade para todos.