A ampla e sistemática violência sexual no Sudão do Sul, poucos meses depois de os dois principais políticos do país assinarem um renovado compromisso de paz, esteve no topo da agenda de visita da Comissão das Nações Unidas sobre Direitos Humanos na sexta-feira (14).
A equipe de três pessoas investigando violações de direitos no país mais jovem do mundo, envolvido em um sangrento conflito civil desde 2013, chegou ao Sudão do Sul pouco depois de mais de 150 mulheres e meninas serem agredidas sexualmente na cidade de Bentiu, segundo relatos.
“A brutalidade destes ataques horríveis em Bentiu contra tantas mulheres é chocante, à medida que estes atos abomináveis aconteceram logo quando as esperanças do povo em relação ao fim da violência estavam começando a surgir depois de um acordo de paz”, disse o comissário de Uganda, Barney Afako. Ele pediu responsabilização dos perpetuadores dos crimes.
A Comissão está investigando estas violações e irá relatar suas descobertas ao Conselho de Direitos Humanos em março. Autoridades do governo também disseram estar investigando os ataques em Bentiu e que irão compartilhar e corroborar suas descobertas com a Comissão.
Mais de 65% das mulheres e meninas no Sudão do Sul passaram por alguma violência sexual ao menos uma vez em suas vidas, de acordo com relatos. Dada a impunidade endêmica e o amplo e sistemático uso da violência sexual pelas partes em conflito no país, a responsabilização tem sido um elemento central do trabalho da Comissão.