ONU: Inclusão de jovens na reconstrução da República Centro-Africana é essencial

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Homens transportando madeira em Bria, República Centro-Africana (RCA). Foto: ONU/Catianne Tijerina

Com informações da ONU

A participação de base e a inclusão, especialmente da juventude, é vital para reconstruir a República Centro-Africana (RCA), devastada pela guerra. O desemprego nesta nação africana passa os 20% e mais de 60% dos jovens estão vivendo em extrema pobreza, disse o principal representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na África, após concluir sua viagem de cinco dias ao país na última quarta-feira (11).

“A solução é a juventude: este país pertence a vocês, e são vocês que terão que construir esta nação”, declarou Abdoulaye Mar Dieye a um grupo de jovens que construirão um centro cultural e esportivo na capital do país, Bangui. Um total de mil homens e mulheres participarão do programa, recebendo um salário e promovendo o diálogo entre vizinhos em toda a capital.

“A pobreza generalizada, desigualdade, exclusão e um Estado fraco em um país com elevado potencial econômico: estes são os ingredientes da crise na República Centro-Africana”, enfatizou. Para Dieye, o país precisa de maciços investimentos para reduzir a brecha social existente na RCA. Hoje, mais da metade da população – cerca de 2,5 milhões – dependem da ajuda humanitária e mais de 850 mil foram deslocadas pela violência.

O PNUD adicionou que o governo está depositando suas esperanças no Fórum de Bangui, um encontro nacional sobre a reconciliação a ser realizado em março. O evento foi precedido por uma série de consultas populares e é amplamente esperado para ajudar a restaurar a paz e forjar uma visão comum para o país.

Durante sua visita, o representante do PNUD se encontrou com Dieudonné Kombo Yaya, presidente da Autoridade Nacional Eleitoral, o organismo responsável pela organização de um referendo constitucional, bem como eleições gerais e presidenciais deste ano. Na ocasião, Diye pediu à comunidade internacional ajudar a financiar a lacuna restante para a realização das eleições, tal como anteriormente estendeu a mão para apoiar o sufrágio na Guiné-Bissau. O orçamento do Programa de Assistência Eleitoral é de 44 milhões dólares e a gestão do fundo comum é administrada pelo PNUD.

O governo de transição da RCA adotou um roteiro que prioriza o diálogo político, a reconciliação nacional, a organização das eleições, o apoio ao processo de estabelecimento da paz e da segurança, a recuperação da comunidade; e a assistência humanitária, de acordo com o PNUD. Trabalhando em estreita colaboração com a Missão das Nações Unidas de Estabilização Multidimensional Integrada (MINUSCA), as prioridades do PNUD são a coesão social e resiliência da comunidade; apoio à transição – incluindo a organização de eleições; a luta contra a impunidade e insegurança; e a coordenação de doações.

Fim de administração paralela

A Missão da ONU no país anunciou na última terça-feira (10) que recuperou edifícios públicos, ocupados ilegalmente por rebeldes ex-Séléka. A operação realizada com o apoio das tropas francesas aconteceu depois da reiterada recusa dos grupos armados de evacuar o local pacificamente e tinha o objetivo de pôr fim à existência de uma administração paralela.

O chefe da MINUSCA, Babacar Gaye, reforçou a determinação das forças internacionais de proteger a população e apoiar a restauração da autoridade do Estado para a organização de eleições transparentes, justas e livres no país.