ONU declara ‘estado de fome’ no Sudão do Sul

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Displaced civilians leave the UNMISS (UN Mission in South Sudan) base in UN House, after seeking refuge at the base in the wake of recent fresh clashes in Juba between soldiers of the Sudan People’s Liberation Army (SPLA) and the SPLA in Opposition (SPLA-IO). UN Photo/Eric Kanalstein

Com informações da ONU

A ONU informou nesta segunda-feira (20) que mais de 100 mil pessoas estão sofrendo de fome no Sudão do Sul e que cerca de 1 milhão está à beira da insegurança alimentar no país.

“A fome tornou-se uma realidade trágica em partes do Sudão do Sul, e os nossos piores temores foram realizados”, disse o representante da FAO no país, Serge Tissot, em comunicado à imprensa emitido em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

“Muitas famílias têm esgotado todos os meios que têm para sobreviver”, acrescentou, explicando que essas pessoas são na maioria agricultores que perderam seu gado e até mesmo suas ferramentas agrícolas.

A situação é a pior catástrofe de fome desde que os combates estouraram, há mais de 3 anos, entre as forças rivais – o Exército Popular de Libertação do Sudão (SPLA); as partes leais ao presidente Salva Kiir; e o Exército de Libertação do Povo do Sudão em Oposição (SPLA-IO).

De acordo com a FAO, o UNICEF e o PMA, 4,9 milhões de pessoas – mais de 40% da população do Sudão do Sul – precisam de assistência urgente de alimentos e necessitam de ajuda para cultivar plantas.

 

As organizações alertaram que, se nada for feito para evitar que a crise se propaga, o número total de pessoas com insegurança alimentar no país deverá aumentar para 5,5 milhões no auge da estação magra.

“Atualmente, estima-se que mais de um milhão de crianças sofram de desnutrição aguda em todo o Sudão do Sul. Mais de um quarto de milhão de crianças já estão gravemente desnutridas. Se não chegarmos a essas crianças com ajuda emergencial, muitas delas morrerão”, disse o representante do UNICEF no país, Jeremy Hopkins.

Uganda recebe milhares de refugiados do Sudão do Sul

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) anunciou na semana passada que mais de 1,5 milhão de pessoas foram forçadas a se deslocar do Sudão do Sul para buscar segurança desde que o conflito eclodiu em dezembro de 2013.

A maior parte dos refugiados tem sido acolhida pela Uganda, onde cerca de 698 mil chegaram recentemente.

Sidah Hawa e seus filhos fugiram do conflito no Sudão do Sul e agora estão em segurança em Uganda depois de viajarem por dois dias. Foto: ACNUR / Michele Sibiloni

Milhares de pessoas têm feito grandes desvios a pé para escapar do Sudão do Sul, indo em direção à República Democrática do Congo e em seguida entrando em Uganda pela parte leste, temendo ataques de grupos armados presentes nas rotas mais diretas. Alguns relatam terem caminhado por mais de um mês até finalmente encontrem segurança.

Desde 2016, 6 mil refugiados sul-sudaneses chegaram a Uganda pela rota da RD Congo.

“Mais de 60% dos refugiados são crianças, muitos chegam em condições alarmantes de desnutrição. Recém-chegados relatam sofrimento dentro do Sudão do Sul com os intensos combates, sequestros, estupro, temores de grupos armados e ameaças à vida, bem como a escassez de alimentos”, afirmou o porta-voz do ACNUR, Willian Spindler, apelando por mais assistência.