O chefe de direitos humanos das Nações Unidas seguiu as críticas já feitas pelo secretário-geral da ONU anteriormente e condenou o aumento do número de assassinatos no Burundi e pediu que investigações adequadas sejam realizadas.
Os ataques incluíram o assassinato do brigadeiro Athanase Kararuza, de sua mulher e de sua filha na segunda-feira, e a aparente tentativa de assassinato do ministro de Direitos Humanos e Assuntos Sociais e de Gênero, Martin Nivyabandi, no domingo.
“Condeno fortemente esses ataques”, disse o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad, em comunicado à imprensa. “Eles precisam ser adequadamente investigados e os assassinos precisam ser presos e levados à Justiça”, completou.
“A maior parte dos ataques foi promovida por homens armados não identificados. Temo que o crescente número de assassinatos inevitavelmente aumente a já perigosa espiral de violência e revolta em Burundi”, alertou.
Na segunda-feira (25), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, já havia condenado o assassinato de Kararuza na capital Bujumbura.
De acordo com comunicado do porta-voz de Ban, Kararuza serviu em posições importantes tanto na missão africana de apoio à República Centro-Africana como na Missão de Paz das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA).
“Tais atos de violência não servem a outro propósito a não ser piorar a já volátil situação do Burundi. O secretário-geral pede uma investigação rigorosa e rápida desses eventos”, disse o comunicado.
País enfrenta grave crise política
O Burundi está imerso em uma crise desde abril de 2015, quando o presidente Pierre Nkurunziza decidiu concorrer a um terceiro e controverso mandato, que foi confirmado em julho.
Até o momento, os relatos recebidos pela ONU dão conta de que mais de 400 pessoas foram mortas, mais de 260 mil fugiram do país e milhares foram presas e, possivelmente, submetidas a violações aos direitos humanos.
Segundo o ACNUR, o número de refugiados pode subir em milhares durante o ano, a menos que uma solução política seja encontrada para pôr fim à guerra civil. De acordo com o ACNUR, até o momento, 259.132 pessoas deixaram o país, e a agência planeja resposta humanitária baseada em 330 mil refugiados até o fim do ano.
Na semana passada, o chefe do ACNUDH havia alertado para um “forte aumento do uso da tortura e dos maus-tratos no Burundi” e disse estar preocupado com informações sobre a existência de unidades de detenção ilegais no país.
“Desde o início do ano, minha equipe registrou ao menos 345 casos de tortura e maus-tratos. Esses números chocantes são um claro indicador do uso disseminado e crescente da tortura e dos maus-tratos pelas forças de segurança do governo”, disse Zeid Ra’ad.