Tentativas de suicídio, comportamento agressivo e distúrbios do sono são apenas alguns dos sintomas apresentados por muitos jovens solicitantes de refúgio e refugiados na Líbia que passaram por momentos de grande violência e sofrimento em sua terra natal, bem como durante suas jornadas difíceis e perigosas em busca de segurança.
Crianças e suas famílias também vivenciaram ou viram níveis chocantes de violência desde que chegaram à Líbia, país que sofre conflitos e instabilidade generalizados desde o levante de 2011 para derrubar o ex-líder Muammar Kadafi.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) apoia atividades para ajudar refugiados e solicitantes de refúgio a lidar com sua angústia mental. Na capital líbia, Trípoli, um programa foi projetado especificamente para crianças no Centro de Reuniões e Partidas (CRP), estabelecido como um centro de trânsito para refugiados e solicitantes de refúgio que aguardam voos para deixar o país.
Depois de fugir da Eritreia, a jovem e sua mãe passaram mais de um ano em Zintan, um dos 16 centros de detenção oficiais ativos na Líbia, administrados pela Direção de Combate à Migração Ilegal (DCMI), parte do Ministério do Interior. O ACNUR conseguiu garantir a liberação das duas, levando-as ao CRP em Trípoli, para aguardarem evacuação.
“Ela costumava acordar à noite chorando. A mãe dela a trouxe até aqui. À noite, a menina costumava testemunhar pessoas brigando no centro de detenção. Ela havia internalizado essa violência. Ela tem muitas lembranças ruins. Estamos tentando tratar os traumas psicológicos que elas enfrentaram e modificar seu comportamento violento.”
Em 2019, o ACNUR, juntamente com a LibAid, iniciou um programa psicossocial no CRP para tentar fornecer alguma normalidade e esperança para muitos jovens que estavam detidos. Outros programas de apoio estão disponíveis para adultos nas instalações, bem como no Centro Comunitário do ACNUR localizado em outra parte da cidade. A Líbia não é signatária da Convenção da ONU sobre Refugiados. No país, refugiados e solicitantes de refúgio são considerados migrantes ilegais.
As crianças gostavam de frequentar as sessões e de compartilhar suas experiências familiares em um ambiente seguro. Mohammed*, de 9 anos, disse ao psicoterapeuta que não gostava de guerra e explicou que sua mãe e seu irmão foram assassinados.
“Queremos ir para a Europa… porque todos morreram”, disse. “Agora somos apenas eu e meu pai.” Os pais das crianças viram resultados positivos do programa e relataram que os filhos estão mais calmos e mais motivados.