Por dentro da África
Noura Hussein, uma sudanesa de 19 anos, foi condenada à pena de morte após matar um homem que a estuprou e com quem foi forçada a se casar aos 16 anos. Antes da cerimônia ser concluída, em 2014, Noura fugiu e passou três anos vivendo com familiares em Sinnar, a 250 km da capital Cartum. No ano passado, o pai de Noura disse que o casamento havia sido cancelado e que a filha poderia retornar à cidade natal, mas era uma armadilha.
Ao chegar, a jovem percebeu que o contrato do casamento não havia sido desfeito. Nos primeiros dias, ela se recusou a aceitar o casamento. De acordo com a defesa da jovem, seis dias após a cerimônia, o marido teria recrutado alguns de seus primos para que eles segurassem Noura enquanto ele a estuprava. Quando o marido de Noura tentou estuprá-la novamente, ela o esfaqueou até a morte, em legítima defesa.
O pai da jovem a entregou à polícia no ano passado e, em 29 de abril de 2018, ela foi condenada culpada. Hoje, dia 10 de maio, ela recebeu a pena de morte pela acusação de homicídio premeditado nos termos do artigo 130 do Código Penal.
Os advogados da jovem têm 15 dias para recorrer da sentença de morte. Ativistas de direitos humanos fizeram campanha em nome de Noura nas mídias sociais e uma hashtag #JusticeForNoura. Campanhas internacionais como essa da Change.org pedem a liberdade da jovem que agiu em legítima defesa.
Grupos de campanha como o Equality Now dizem que estão escrevendo para o presidente sudanês, Omar al-Bashir, para pedir clemência, argumentando que o julgamento é contra a constituição sudanesa.
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Os casamentos forçados e infantis no Sudão são uma questão constante que os ativistas dos direitos das mulheres vêm tentando abordar. O país está classificado em 165 dos 188 países no Índice de Desigualdade de Gênero da ONU, que mede como as mulheres se saem em relação aos homens quando se trata de acesso à saúde, educação, participação política e oportunidades de emprego.