O jornalista eritreu-sueco Dawit Isaak será homenageado pelo Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa UNESCO-Guillermo Cano 2017, no início de maio. Nascido em 1964, Isaak foi preso em 2001 na Eritreia — país governado desde 1993 pelo presidente Isaias Afwerki — em uma ação de repressão contra meios de comunicação. Desde 2005, sua localização é desconhecida.
Um júri internacional independente formado por profissionais de comunicação recomendou Isaak de forma unânime em reconhecimento por sua coragem, resistência e comprometimento com a liberdade de expressão. A recomendação foi endossada pela diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova.
“Defender as liberdades fundamentais demanda determinação e coragem, demanda pessoas destemidas”, disse Bokova. “Esse é o legado de Guillermo Cano e a mensagem que passamos hoje com essa decisão de destacar o trabalho de Dawit Isaak”.
“Isaak se junta a uma longa lista de corajosos jornalistas que perseveraram para lançar luz sobre lugares escuros; mantendo suas comunidades informadas contra todas as adversidades”, disse Cilla Benkö, presidente do Júri do Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa UNESCO-Guillermo Cano 2017.
“Alguns deram suas vidas na busca pela verdade. Muitos foram presos. Dawit Isaak passou cerca de 16 anos na prisão, sem acusação ou julgamento. Eu, sinceramente, espero que com esse prêmio o mundo diga: Libertem Dawit Isaak agora”.
Dawit Isaak, dramaturgo, jornalista e escritor, mudou-se para a Suécia em 1987, onde mais tarde adquiriu cidadania sueca e se colocou em autoexílio. Após a independência da Eritreia, retornou para sua terra natal para se tornar um dos fundadores e repórteres do Setit, o primeiro jornal independente do país. Ele ficou conhecido por suas reportagens críticas e perspicazes.
Criado pelo Comitê Executivo da UNESCO em 1997, anualmente o Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa UNESCO-Guillermo Cano homenageia pessoa, organização ou instituição que tenha realizado contribuição notável para a defesa e promoção da liberdade de imprensa em qualquer lugar do mundo, especialmente quando alcançadas em situações de perigo.
O prêmio recebeu este nome para homenagear Guillermo Cano Isaza, um jornalista colombiano que foi assassinado em frente ao escritório de seu jornal, El Espectador, em Bogotá, em dezembro de 1986. A premiação é financiada pela Fundação Cano (Colômbia) e pela Fundação Helsingin Sanomat (Finlândia).