Natalia da Luz, Por dentro da África
Após seis meses na prisão, o cartunista Ramón Esono Ebalé foi libertado. Desde 16 de setembro, o ativista estava na Black Beach, conhecida como “Guantánamo” por conta das precárias e duras condições. A sua detenção indicou claramente um caso de perseguição política, intensificada com a publicação da série “La Pesadilha de Obi” (2013), que denuncia, em 127 páginas, os abusos políticos na Guiné Equatorial.
Ontem, em seu julgamento, Ramón foi declarado inocente, mas apenas hoje (dia 7 de março) deixou o tribunal. O motivo da sua prisão? Repressão ao seu ativismo contra Teodoro Obiang, o presidente que está há 38 anos no poder.
Conheça o caso da prisão de Ramon
“A detenção é um exemplo de que, na Guiné Equatorial, o respeito às liberdades de expressão e pensamento não são garantidas. No caso de Ramon, o abuso não está apenas na prisão, mas na barbaridade da acusação (falsificação de dinheiro e branqueamento de capitais)”, disse a esposa do ativista, Eloisa Vaello, em entrevista ao Por dentro da África.
Eloisa trabalha no Centro Cultural de España en El Salvador. A mudança do Paraguai (onde a família vivia) para o país da América Central exigia o retorno do marido à Guiné Equatorial. Ao chegar para renovar o visto na capital Malabo, em 16 de setembro, Ramón foi preso. Desde então, a esposa está na Guiné Equatorial com a filha do casal.
Nesses últimos meses, diversas organizações e ativistas do mundo realizaram campanhas e fizeram pressão pedindo a liberdade do cartunista. Um desses é Tutu Alicante, uma das vozes que lutam pela democracia. Membro do EG Justice, ele lembra que o trabalho da sociedade civil é fundamental, especialmente em seu país, com taxas elevadas de corrupção, onde o governo viola sistematicamente os direitos humanos.