Por Fernando Guelengue, Por dentro da África
Luanda – Filho do falecido Mendes de Carvalho, um dos nacionalistas e escritores mais temidos no partido que governa o país, Manuel Paulo Mendes de Carvalho, vulgo general Paka, disse estar indignado com o silêncio dos deputados angolanos face diante da situação política do país, da detenção dos ativistas desde 20 de junho e da repressão policial. Ele pede clareza, transparência e honestidade patriótica na atuação dos deputados durante o novo ano parlamentar, iniciado no dia 15 do corrente mês.
Segundo Manuel de Carvalho, que fez saber nas suas redes sociais sobre conselhos do general, os deputados terão se esquecido de fazer a declaração de princípios como mecanismo de chamada de atenção ao titular do poder executivo para o respeito da juventude que solicita liberdade, democracia, melhor educação e não golpe de Estado.
-Juntem-se, deputados às vozes da sociedade civil, vossos eleitores, para não deixar que nossos filhos morram de fome nas cadeias – escreveu, acrescentando que não deveriam tolerar que se trate os taxistas sejam chamados de baderneiros. (Quem tratou assim os taxistas foi a Polícia Nacional durante uma greve que tinham feito em Luanda.)
Em relação à forma como tem sido a atuação da Polícia Nacional nos atos mais recentes em Angola, Paka, salienta que os representantes do povo deveriam ser mais contundentes sobre a política de repressão policial durante vigílias e cultos que apenas amenizam o sofrimento dos familiares, amigos e cidadãos dos presos políticos detidos desde o dia 20 de junho.
-Quando se tem medo, também de vigília, estamos a passar uma má mensagem ao povo. Os deputados deveriam fazer melhor o seu trabalho sem reclamações de falta de meios porque se não têm condições que peçam demissão- disse.
No que se refere às regalias que os parlamentares possuem, o general criticou o excesso de mordomias dos deputados angolanos, destacando que eles estão mais preocupados com viaturas que custam 260 mil dólares norte-americanos.
Vale aqui lembrar que a detenção dos ativistas que se encontram em formação sobre lutas não violentas mereceu repúdio das Nações Unidas, que solicitou a libertação imediata dos jovens. O ativista e rapper Luaty Beirão, de 33 anos, completa hoje 34 dias em greve de fome, sendo que os seus colegas Albano Pedro, Nelson Dibango e Mbamza Hamba já abdicaram da iniciativa e solicitam que o seu companheiro termine a greve.
Veja a linha do tempo sobre o caso
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