Por dentro da África
Menos de uma semana após ser anunciado o resultado da eleição presidencial no Gabão, realizada no dia 27 de agosto, a população (pró e contra os resultados) passou a se enfrentar nas ruas da capital do país, Libreville, devido às denúncias na apuração dos votos que deram a vitória ao atual presidente, Ali Bongo, por uma estreita margem: cerca de 6 mil votos.
-A instabilidade acontece por causa da fraude nas eleições. Sabemos que Ali Bongo cozinhou os resultados. O país está em estado de sítio, com tropas nas ruas. Vimos o Parlamento ser incendiado – disse em entrevista ao Por dentro da África, o advogado Matondo Kiythe, completando que as atividades econômicas foram diretamente afetadas.
Nesta semana, o governo confirmou a morte de, pelo menos, seis pessoas durante confrontos entre a polícia e eleitores do opositor Jean Ping e a prisão de mais de mil manifestantes.
O presidente Omar Bongo Ondimba, pai do atual presidente, foi reeleito em dezembro de 1998 conquistando 66% dos votos. Em 2005 voltou a ser reeleito, para um mandato de 7 anos. Na ocasião, houve críticas dos candidatos da oposição sobre o desenrolar do processo eleitoral.
Há alguns anos, já com Ali Bongo, saques e confrontos também fizeram parte da eleição de 2009, quando ele chegou ao poder após a morte do pai. Agora, em 2016, Bongo teria vencido esta eleição com 49,8% dos votos, enquanto Ping teria alcançado os 48,23%.
Após tomar conhecimento do anúncio oficial dos resultados provisórios da eleição presidencial no Gabão, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, expressou “profunda preocupação” com os relatos de incêndios e confrontos entre manifestantes e forças de segurança.
Na mesma declaração desta quinta-feira, o chefe da ONU pediu ao seu representante especial para a África Central, Abdoulaye Bathily, para acompanhar os atores políticos do Gabão em seus esforços de acalmar a situação e resolver pacificamente as questões contenciosas oriundas do processo eleitoral.
Um pouco sobre o Gabão
Os primeiros europeus a chegarem ao território onde hoje está localizado o Gabão foram comerciantes portugueses, ainda no final do século XV. Na época, eles transformaram a costa do país em um entreposto de escravos. No século seguinte, holandeses, britânicos e franceses também desembarcaram na região. Em 1849, os franceses capturaram um navio de escravos, que foram libertados no rio Komo (entre a Guiné Equatorial e o Gabão). Os escravos libertos batizaram o assentamento de Libreville(“cidade livre”, em francês).
O país que também fazia parte do reino do Kongo junto com Angola, República Democrática do Congo e República do Congo, tem hoje mais de 1,700 milhão de habitantes e um PIB de 14,30 bilhões de dólares. Com um crescimento de cerca de 5% ao ano, tem como principais atividades a mineração