Eleições em Angola: Aplicativo será usado para denunciar abusos e fraudes

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Eleições em Angola em 1992 – Foto – ONU

Natalia da Luz, Por dentro da África

Em agosto deste ano, os angolanos participarão de um novo processo eleitoral. Há 37 anos no poder, o atual presidente, José Eduardo dos Santos (MPLA), não concorrerá, mas indicará seu sucessor: João Lourenço (MPLA). Para combater abusos e monitorar as eleições, os angolanos terão ao seu lado um aplicativo chamado zwela (significa fala em kimbundu), que será lançado na capital Luanda, neste sábado.

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Domingos da Cruz – Divulgação

“Zuela ou zwela é uma ferramenta destinada a fortalecer a democracia e os direitos humanos,  envolvendo os cidadãos com o seu governo e a comunidade internacional. Ele permite aos usuários desempenhar um papel importante no processo político de seus respectivos países”, disse em entrevista exclusiva ao Por dentro da África, Domingos da Cruz, responsável pela apresentação do aplicativo em Angola.

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O zuela funciona como uma aplicação de rede social móvel para usuários que publicam atualizações por meio de mensagens de textos, fotos e áudios. Entre as suas características, constam a inscrição gratuita por meio de um uso livre, a visualização de atualizações, bem como a publicação. O processo de registro requer um endereço eletrônico válido e uma data de nascimento do usuário para monitorar as postagens.

Baixe o aplicativo para telefones e computadores 

O software é uma iniciativa da ONG Friends of Angola e tem importância crucial para o contexto angolano atual porque permite a participação na vida pública de forma anônima e com segurança, já que, em Angola, o medo de represálias contra a liberdade de expressão é uma realidade. Esta ferramenta é inspirada num aplicativo semelhante que foi usado para monitorar as eleições no Quênia e nos Estados Unidos, por exemplo.

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No Quênia, após as eleições de 2007, o ushahidi (testemunho em swahili) passou a ser usado para compartilhar informações, principalmente sobre casos de abusos, violência e fraudes após as eleições de dezembro de 2007. O aplicativo coletava textos de emails,  mensagens de celular e redes sociais e disponibilizava todos esses dados para a população. Na ocasião, quando o ex-presidente Mwai Kibaki foi declarado o vencedor da eleição presidencial, realizada em 27 de dezembro de 2007, defensores do adversário de Kibaki, Raila Odinga, denunciaram uma suposta manipulação eleitoral. Essa situação desencadeou um processo de extrema violência com mais de mil mortos.

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Eleições em 2012 – Maka Angola

“A corrupção dos resultados é uma certeza, por isso essa ferramenta facilitará a denúncia e registro das irregularidades que mancham este processo, desde a fase preparatória até a consumação. Os dados gerados pelo zuela serão de domínio público”, explicou Domingos, ativista de direitos humanos que passou um ano preso, acusado de tentativa de golpe de Estado no caso no caso 15+2.

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José Eduardo dos Santos – Foto de Maka Angola

Angola realizou suas primeiras eleições nacionais em 1992. Neste ano, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) teve maioria absoluta, mas seu candidato José Eduardo dos Santos, não. Ele manteve o cargo de presidente para o qual tinha sido nomeado em 1979. Em 2012, as eleições gerais deram ao MPLA novamente uma maioria de mais de dois terços, confirmando, assim, José Eduardo dos Santos como presidente.

Como usar o aplicativo

Política, direitos humanos, violência e corrupção são as categorias disponíveis para a publicação e monitoramento de diferentes assuntos. A informação de denúncia ficará em uma base de dados segura, compartilhada com organizações nacionais e internacionais.

“Em Angola, essa é uma forma ativa de participar do processo político com segurança.  O nível de cultura política é fraco, por outro lado, aqueles que tentam exercer a cidadania são reprimidos, e, em alguns casos, isso lhes custa a vida.”

Serviço:
Lançamento do Zuela em Luanda
Dia 13 de maio às 12h:30m.
Local: Colégio São José de Cluny/ Ex-UCAN.
Lado oposto ao Museu de História Natural.

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