Em Luanda, debate aborda fragilidades políticas e sociais no Brasil e em Angola

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Encontro em Luanda – Foto de Fernando Guelengue

Por Fernando Guelengue, Por dentro da África

Luanda – Durante fórum de troca de experiência sobre violação de direitos humanos no Brasil e Angola, realizado em Luanda, em 15 de janeiro, a pesquisadora Dalva de Oliveira abordou a realidade política e social do Brasil destacando fragilidades que se assemelham ao Estado angolano.

– A situação que os nossos países vivem faz parte de longo e complexo processo… Não vamos mudar um país de um dia para outro. Temos um povo que está caminhando e que precisa saber cobrar cada vez mais os seus direitos”, disse em entrevista ao Por dentro da África, a doutoranda em Educação e Direitos Humanos pela Universidade de Brasília.

Fernando Guelengue e a pesquisadora Dalva de Oliveira

O encontro que reuniu estudantes e ativistas foi organizado pelo movimento de artistas de intervenção social Terceira Divisão (3D), liderado por um dos ativista do processo dos 15+2, José Gomes “Hata” condenado a quatro anos e seis meses por crime de rebelião e associação de malfeitores.

– Penso que nos faltam as formas mais adequadas para a reivindicação dos nossos direitos para se exigir cada vez mais que o regime faça cumprir os nossos direitos. Temos que enxergar essa fragilidade e superar isso – disse Hata.

José Gomes “Hata” – Foto de Fernando Guelengue

Dalva lembrou que, de 2005 a 2015, o seu país (Brasil) registrou um importante crescimento econômico e social, mas que, desde o ano de 2016, a situação tem sido problemática devido a perda de muitos direitos conquistados nas ultimas décadas e da forte instabilidade política.

“O que aconteceu no meu país e com a presidente eleita Dilma Rousseff, está sendo chamado de golpe parlamentar e eu também concordo”.

A acadêmica ressaltou que muitos dos direitos conquistados pelos brasileiros foram adquiridos por pressão social, sobretudo, da população que está na base da pirâmide social do país, que se organizou em pequenos grupos de várias faixa etárias, em bairros, escolas, sindicatos e demais organizações.

M´banza Hamza – Foto de Fernando Guelengue

Para o ativista M´banza Hamza, o encontro representou o fortalecimento da confiança e certeza de luta. “Acho que é crucial saber que o que passamos não é apenas nosso, os outros povos também viveram e com unidade e estratégia conseguiram reverter o quadro”, relatou.

O estudante universitário Calielie Abdhulla defendeu maior interesse nos países do continente que têm enfrentado problemas semelhantes ao de Angola. “Para resolver os nossos problemas ligados ao direito à manifestação, precisamos nos desfazer do monopólio chamado Largo 1º de Maio e partir para locais estratégicos como praças públicas, hospitais, escolas, igrejas, universidades, empresas públicas e tantas outras”, acredita Calielie.

Parte do grupo presente no encontro – Foto de Fernando Guelengue

Adão Minjy, artista conhecido por sua versatilidade linguística, foi convidado para abrir o evento com a música Mi Hilan Suly, cantada em língua fulani (idioma do grupo das línguas nígero-congolesas falada principalmente na África Ocidental), falada em quase 20 países do continente africano.