Com o Sudão do Sul entrando em seu sexto ano de independência, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) está se referindo à situação no país como uma “catástrofe para crianças”. A agência da ONU alertou que elas estão tendo sua infância negada em quase todos os aspectos.
“O dia de independência de um país deve ser celebrado. No entanto, hoje, no Sudão do Sul, não haverá comemoração para os milhões de crianças envolvidas nesse conflito”, disse Mahimbo Mdoe, representante do UNICEF no país, por ocasião do dia da independência do país, 9 de julho.
Ele destacou que crianças estão passando por “sofrimentos e atrasos impensáveis” em educação, nutrição, saúde e outros direitos. “Em quase todos os aspectos de suas vidas, as crianças estão tendo sua infância negada no Sudão do Sul.”
O país está em conflito desde dezembro de 2013, com ao menos 2,5 mil crianças mortas ou feridas, e mais de 2 milhões de crianças deslocadas ou procurando refúgio em países vizinhos. Centenas também foram estupradas e sexualmente abusadas.
“Os números são chocantes, e cada um deles representa a miséria contínua de uma criança”, disse Mdoe.
O UNICEF destacou que, com 2,2 milhões de crianças sem acesso a escolas, o país possui o maior índice de crianças fora das salas de aula. Cerca de 70% das crianças estão sem acesso a educação. Além disso, estima-se que um terço das escolas foi atacado por grupos armados.
Estima-se que 1,1 milhão de crianças no país estão gravemente desnutridas, de acordo com o UNICEF. Além disso, crianças estão sem acesso a água potável, o que levou ao surto de cólera que está em progresso atualmente – o mais longo e de maior alcance na história do país. Segundo a agência da ONU, já são mais de 10 mil casos reportados, a maioria crianças.
O UNICEF, junto com outras agências da ONU e parceiros externos, está trabalhando para fornecer água potável e alimentos para as crianças, bem como para reuni-las com suas famílias e criar alguma estabilidade em suas vidas por meio da educação.
“Enquanto o UNICEF continua a aumentar nossa resposta emergencial para alcançar os mais necessitados, reiteramos o que já dissemos inúmeras vezes: agentes humanitários precisam de acesso irrestrito e seguro; e as crianças do Sudão do Sul precisam de paz”, acrescentou Mdoe.