Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) criticou neste mês (18) a decisão de Camarões de expulsar refugiados da Nigéria, forçando-os a retornar para regiões como o nordeste nigeriano, onde conflitos armados ameaçam a vida da população. Atualmente, o território camaronês acolhe mais de 370 mil refugiados, dos quais 100 mil são nigerianos.
Em 16 de janeiro, 267 nigerianos que haviam chegado a Camarões em 2014 foram obrigados a voltar para o seu país de origem. Dois dias antes, na Nigéria, militantes atacaram e saquearam a pequena cidade fronteiriça de Rann, no estado de Borno, a 10 km da fronteira camaronesa. A ofensiva teve por alvo instalações militares, civis e humanitárias. Pelo menos 14 pessoas teriam sido mortas, segundo relatos, e estima-se que 9 mil indivíduos fugiram para Camarões.
O ACNUR disse na sexta-feira passada estar “gravemente preocupado” com a segurança e o bem-estar dos refugiados nigerianos por conta da nova política de retorno das autoridades camaronesas.
O nordeste da Nigéria tem sido duramente atingido por movimentos insurgentes desde 2009. Segundo o coordenador humanitário no país, Edward Kallon, os episódios de violência em Rann levaram ao interrompimento da entrega de assistência para 76 mil deslocados que vivem na cidade.
Os criminosos saquearam e destruíram uma clínica, armazéns de suprimentos de assistência e acomodações de profissionais humanitários. Abrigos num acampamento e o mercado próximo foram incendiados. Até sexta-feira passada, a cidade estava inacessível para organizações humanitárias internacionais, tanto por terra quanto por ar.
Desde novembro, incidentes em outras áreas do governo local, no norte do estado de Borno, forçaram mais de 43 mil pessoas a fugir de suas casas. Desse grupo, mais de 32 mil nigerianos decidiram buscar segurança em Maiduguri, capital da província. Muitos deles foram para acampamentos já lotados.