Por dentro da África
No próximo domingo (20), na praia de Copacabana, Rio de Janeiro, congoleses e brasileiros participarão de um ato em defesa da democracia e paz na República Democrática do Congo. A um mês das eleições presidenciais, o país africano passa por uma forte instabilidade política.
– O objetivo dessa caminhada é sensibilizar a opinião pública brasileira e o governo sobre a situação em nosso país. O cenário está piorando porque o último mandato do presidente Joseph Kabila acaba no dia 20 de dezembro, mas sabemos que ele não quer deixar o poder. As manifestações estão sendo reprimidas e vêm causando morte de dezenas de pessoas – disse ao Por dentro da África, o congolês Charly Kongo, que vive no Rio de Janeiro há oito anos.
Os congoleses vivenciaram a primeira Guerra do Congo (entre 1996-1997) e a Segunda Guerra do Congo (entre 1998-2002), mas no nordeste do país, em Kivu, o conflito entre milícias e governo permanece. Há duas décadas, a riqueza mineral do país (principalmente ouro, diamante e coltan) é o grande motivador para os confrontos que já deixaram mais de 5,5 milhões de mortos. Para fugir da violência, muitos congoleses deixam a sua terra natal. O Brasil é dos países procurados como destino desses refugiados.
Segundo a Agência da ONU para Refugiados, os congoleses representam atualmente o maior grupo de refugiados no estado do Rio de Janeiro, com 116 chegadas registradas no primeiro trimestre de 2016, o que representa 55% do total. Enquanto em 2014 eles representavam 36% do total de estrangeiros que haviam solicitado refúgio no Estado do Rio de Janeiro, no ano passado esse número subiu para quase 40%. No primeiro trimestre de 2016, mais da metade das novas chegadas (55%) foram de nacionais da RDC.
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A instabilidade política aumentou e se propagou pelo país quando o presidente Kabila informou que, devido à crise econômica, o governo não realizaria as eleições presidenciais em dezembro. Kabila tornou-se presidente em janeiro de 2001, quando seu pai Laurent-Désiré Kabila foi assassinado. Em 2006, após eleições gerais, ele tomou posse como presidente depois de vencer as primeiras eleições gerais em 40 anos.
Em setembro, o governo proibiu protestos em meio a uma série de manifestações contra o atraso das eleições presidenciais. Citando a proibição “injustificada” dos protestos em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, um grupo de especialistas em direitos humanos da ONU pediu que as autoridades protejam os direitos do povo.
-O desejo do povo congolês é ficar em sua terra, é viver em paz, mas a guerra e a instabilidade política estão obrigando muitos de nós a deixar o nosso país. Mesmo longe, aqui no Brasil, França ou em qualquer outro lugar, é importante nos mobilizarmos pela democracia e paz do nosso povo – completou Charly.
Serviço:
O encontro será por volta das 14h na Avenida Atlântica, esquina com Siqueira Campos. Copacabana