Natalia da Luz, Por dentro da África
Rio – Marcada para a manhã desta sexta-feira, a audiência do jornalista angolano Domingos da Cruz, a ser julgado por incitação à violência pública, foi adiada pela segunda vez. A obra “Para onde vai Angola: A selvageria apocalíptica onde toda a perversidade é real”, é o grande motivo de perseguição política que inclui, principalmente, ameaça de morte.
– A sessão foi adiada pela segunda vez, e, desta vez, por uma justificativa ridícula… Informaram-nos que o juiz da causa teve uma reunião de emergência no Tribunal Supremo de Angola. Uma audiência marcada com tanta antecedência não poderia ser menos importante do que uma reunião pedida às pressas – conta, em entrevista exclusiva ao Por dentro da África, o também filósofo e mestre em Direitos Humanos.
Conheça o caso do jornalista em nossa reportagem especial
Domingos foi informado pelo oficial do tribunal, em vez de receber a notícia da defesa, como de praxe. A maneira de adiar pela segunda vez seria uma forma de fugir do problema, já que a mídia internacional e a população estão acompanhando o caso e pressionando o governo.
– Quando a justiça tem certeza de que há elementos para condenar, eles avançam com toda urgência; mas neste caso, eles percebem que não há probabilidade de condenação e não querem admitir publicamente – acredita Domingos, completando que uma resolução positiva para o seu caso daria também uma ideia de vitória para todos aqueles que lutam contra o autoritarismo do governo e pela liberdade de expressão.
Do lado de fora do Tribunal Provincial de Luanda, o Movimento Revolucionário de Angola esteve presente com cartazes protestando contra o processo que se esforça para calar o jornalista e ferir a liberdade em um país que se diz democrático…
– Mesmo sem uma data definida para a audiência, os protestos foram muito positivos, reforçando a forma de proteger os ativistas: por meio da exposição na mídia internacional e do descontentamento do povo.
Por dentro da África