(Versos de crítica à morte do menino Herinaldo, assassinado no Rio de Janeiro em uma ação da polícia no morro do Caju e à política de pacificação nas comunidades)
Por Fabiana Gelard, Por dentro da África
A paz não sobe a favela!
A paz é falsa,
travestida de boas intensões
caminha no asfalto pelas brancas mãos daqueles que
marcham contra a violência!
Contra que violência?
A violência visita nossas casas, arromba nossas portas,
surge nos pratos vazios à mesa do jantar!
A paz tá no asfalto, nos casarões, na mesa farta, na tv, nas igrejas…
A paz não sobe a favela!
É bonitinha demais pra olhar para nós!
A paz tem cor, é BRANCA! Alva feito as vestes de uma noiva
A violência rasga meu âmago, leva meus filhos, leva o futuro pra longe de nós!
Paz… Pacificador… Pacifica a dor!
A paz é mentirosa! Diz estar nas favelas, mas não a vejo…
Não a sinto…
A paz não sobre a favela!
A paz no asfalto marcha, brada, luta!
A paz na favela mancha suas vestes de sangue, esbofeteia a cara do trabalhador!
A violência não mente! A violência não escolhe gente!
Violência… Paz… Paz… Violência…
Na favela ambas se confundem! Ambas se completam!
A violência tem cor
Na favela a violência é usada para garantir a paz do asfalto!
A paz é branca! A favela não!
A paz é bonita! A favela não!
Paz… Pacificador… Pacifica a dor…
A paz…
A paz não sobe a favela!
Fabiana Gelard é aluna da UNILAB, campus do Malês (São Francisco do Conde)