Jorge Lima Trindade, Por dentro da África
(nome fictício para um dos repórteres participantes da Marcha)
Lágrimas ao redor da Vila Moisés. Em Cabula e Engomadeira, mortos enxergando os gritos manifestados a favor deles, sendo vítimas de polícia racista em Salvador, Bahia. O estado tem maioria negra e o pior é que, os policiais também são negros, mas matam a sangue frio os seus irmãos. Tudo porque se espera o mérito de quem mais mata…
Ninguém me contou, eu vi, ouvi os gritos das mães, irmãs e familiares dando os seus depoimentos sobre o terrorismo que se vive nas periferias de Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Espírito Santo, Goiás, Rio Grande do Sul entre outros estados brasileiros.
O terrorismo contra as mães e familiares dos alvos policiais no Brasil não é novo. Também não é novidade ver que as mortes dos jovens negros jamais serão investigadas. A acusação de cor da pele é a única justificativa para o genocídio do povo negro nos vários estados brasileiros.
A guerra está declarada contra os jovens negros nas periferias das cidades brasileiras. Com isso, o movimento Reaja ou será morto vem fazendo um trabalho comunitário nas favelas, pois, as políticas sociais não alcançam todas as periferias brasileiras.
Poderia estar equivocado, mas a realidade mostra as dificuldades das crianças que sentem sede de conhecimento sobre a sua própria realidade. Aliás, a imprensa televisiva brasileira mostra novelas com predominância branca e rica, e minoria negra pobre.
O líder do movimento Reaja ou será morto já visitou várias cidades brasileiras denunciando essa bruta realidade, sem que as secretarias levem em consideração os problemas por eles relatados. Os estados nada fazem para diminuir a matança dos jovens negros. É uma realidade que não se pode continuar.
A III Marcha Internacional contra o Genocídio do Povo Negro no Brasil, que aconteceu em 24 de Agosto, em Salvador, Bahia, mostra a realidade que a imprensa nacional sempre escondeu.
Policiais militares e civis perseguem os jovens militantes do REAJA ou será morto. Esses jovens fazem trabalhos comunitários que nem as próprias prefeituras conseguem fazer. O próprio líder do Reaja, em audiência da CPI do Assassinato de Jovens realizada em junho, falou sobre a necessidade “de inclusão no programa de proteção vítimas ameaçadas”.
Isso é sério! Os governos devem proteger os cidadãos e não persegui-los mais. Um dos jovens que trabalha nas comunidades relatou que, “não vivo na paz, não consigo sair de casa a partir das 21 horas da noite, pois todos os dias sofro intimidação pelos policiais”.
Esse terrorismo contra os jovens comunitários não pode ser ignorado, pois os abusos de poder das armas dos policiais treinados para matar a “carne preta” nas periferias que a sociedade está escondendo não é brincadeira não.
Uma das palestrantes da formação Pan-africana disse: “A luta negra não se faz somente pela denúncia do racismo, é muito mais que simples denúncia. É preciso saber entender que o sistema brasileiro e os Estados Unidos são anti-negros”. Por isso, que eles querem acabar com pretos no mundo.
Esse texto não é acadêmico, é uma reportagem trágica da realidade oculta contra o povo negro. Na marcha, todos e todas vestidas de preto gritavam: REAJA OU SERÁ MORTO, e o povo negro jamais se calará enquanto continuarem a matar os pretos. Com o hino pan-africana ao fundo e as mulheres na frente, o Reaja coloca as mulheres na frente, pois elas são as mães dos filhos que tiveram as suas vidas roubadas pelos policiais.