Dia da Liberdade: África do Sul celebra 31 anos do fim oficial do apartheid

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Imagem estilizada com a bandeira da África do Sul a partir de foto de Nelson Mandela nas Nações Unidas

Hoje, a África do Sul comemora o 31º aniversário do Dia da Liberdade, uma data histórica que marca as primeiras eleições democráticas do país, realizadas em 27 de abril de 1994. Esse evento colocou fim ao apartheid e elegeu Nelson Mandela como o primeiro presidente negro da nação, simbolizando a vitória da luta pela igualdade.

Em 27 de abril de 1994, o país apelidado de “nação do arco-íris” pelo Nobel da Paz Desmond Tutu, começou a escrever um novo capítulo da sua história elegendo Nelson Mandela como presidente. O Dia da Liberdade lembra o momento em que milhões de sul-africanos negros puderam votar pela primeira vez, após décadas de opressão sob o apartheid. Instituído em 1948, o regime segregacionista impunha a separação racial em todos os aspectos da vida: negros eram proibidos de frequentar os mesmos espaços que brancos, como praias, restaurantes e hospitais, e precisavam de passes para circular em áreas designadas como “brancas”.

O legado do apartheid também está inscrito na geografia da África do Sul. A paisagem urbana e litorânea continua a refletir décadas de segregação racial e desapropriações forçadas. Em muitas ruas do país, a lembrança das casas demolidas de famílias negras, mestiças e indianas — removidas à força para dar lugar a bairros exclusivamente brancos — ainda paira no ar.

O que significa o Dia da Liberdade?

De acordo com o governo sul-africano, o dia “marca o fim de mais de 300 anos de colonialismo, segregação e governo da minoria branca e o estabelecimento de um novo governo democrático liderado por Nelson Mandela, com um novo Estado e nova Constituição.

Durante o apartheid, os negros representavam quase 80% dos sul-africanos, obrigados a viver em pouco mais de 10% das terras, mais secas e precárias da rica África do Sul. Os antigos lares nos bairros mais centrais foram obrigatoriamente trocados pelas townships, áreas precárias das cidades. Além disso, os negros só poderiam transitar com um passe (dompas), revogado em 1986. Os que não possuíam o documento estavam sujeitos à prisão imediata.

Then African National Congress leader, Nelson Mandela, casts his vote on April 27, 1994, near Durban, South Africa [John Parkin/AP]

Para entender mais sobre o apartheid, leia sucessos como “Desonra” e “Nelson Mandela: Longa Caminhada Até a Liberdade”. Clique aqui para ver todas as sugestões de livros da curadoria Por dentro da África.

Desonra foi publicado em mais de vinte países e é considerado o melhor romance de J. M. Coetzee, escritor sul-africano Nobel de Literatura. A obra investiga as relações entre as classes, sexos, as raças, tratando dos choques entre um passado de exploração e um presente de acerto de contas, entre uma cultura humanista e uma situação social explosiva no pós-apartheid.

Em suas memórias, Longa Caminhada até a Liberdade, Nelson Mandela conta a história extraordinária de sua vida ― um épico de lutas, revezes, esperança renovada e finalmente de triunfo. Ele também relembra comoventemente os eventos importantes que antecederam a primeira eleição multirracial realizada na África do Sul, em abril de 1994.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  Dicas de passeios Por dentro da África

A África do Sul oferece passeios turísticos que proporcionam uma imersão profunda na história do Apartheid, combinando educação e reflexão. Em Joanesburgo, o Museu do Apartheid é uma parada essencial, com exposições interativas que detalham as leis segregacionistas e a resistência liderada por figuras como Nelson Mandela.

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Na Cidade do Cabo, a Ilha Robben, Patrimônio Mundial da UNESCO, permite visitar a cela onde Mandela passou 18 anos preso, guiada muitas vezes por ex-detentos políticos. Esses passeios não apenas preservam a memória do Apartheid, mas também celebram a resiliência e a luta pela igualdade, oferecendo uma experiência impactante para visitantes.

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