Por Gabriel Ambrósio e Kassoum Diemé
“O passado sempre será uma eterna repetição para aqueles que possuem uma memória curta” – Isidro Fortunato
A imigração faz parte da escolha de qualquer ser existente. Ela pode ser compulsória ou voluntária, dependendo do contexto imigratório do imigrante. Todos os seres (animal ou humano) se deslocam. Isso é histórico, milenar e tem sido frequente no nosso planeta. Nesse caso, esses imigrantes são refugiados atendendo à procura por um país onde possam viver tranquilos.
O cenário que temos visto, por meio da mídia, está mostrando líbios, malianos, eritreus, palestinos, sírios, dentre muitos outros cidadãos se refugiando. O incrível, é que muitos deles querem chegar ou se refugiar nos países europeus (Sabemos que os sírios constituem o maior número de refugiados no Brasil, hoje).
Ficamos pensando que essas situações sejam aquelas que na história provocam retribuição: durante séculos, os europeus exploraram muitos países africanos, asiáticos e sul-americanos, de modo que os povos sentiram os efeitos da exploração, dominação e extravio de muitas riquezas. Imigrar ou refugiar é um direito contextual, mas, a forma de imigrar é que é menos digno.
Podemos pensar também que, além da forma de imigrar, esses podem contribuir de alguma forma em primeira instância. Porém, esses imigrantes enriquecem os países de destino. Lembramos-nos de uma escritora senegalesa que participava de um programa “Ce soir (ou jamais!)”, em 24/04/2015, sobre racismo e imigração na França. Nele, a escritora Fatou Diome dizia: “a imigração é vista sob ponto de vista negativo, mas há situações positivas, principalmente quando esses imigrantes se estabilizam”.
Logo, apesar de situação de refugiados, muitos podem contribuir positiva ou negativamente também. Aliás, o ser humano nem sempre faz o que se espera. Mais uma vez, algo que precisa ser pensado. No mundo moderno defende-se a ideologia da “globalizado”, portanto, pode-se afirmar que as pessoas são livres para escolher onde podem conseguir viver melhor, já que “vivemos em uma sociedade globalizada” como disse Fatou Diome. Reconhecemos que os conflitos civis, políticos ou religiosos aumentam essa onda de seres humanos, procurando a sobrevivência na Europa.
Mas por que a Europa? Essa pergunta parece complexa, pois somos obrigados a navegar nas águas e na memória histórica do mundo escravizado, colonizado e do qual foi roubada boa parte dos recursos naturais. Essa, no entanto, não é a única resposta, mas é fundamental pensarmos nessa vertente.
Porque sabemos que é na Europa onde está o ouro, cobre, coltan, diamantes retirados da África, da Ásia e da América do Sul. Talvez esses refugiados e imigrantes queiram viver destas riquezas levadas para a Europa. Há que destacar, por um lado, a incompetência dos líderes africanos e asiáticos, pois eles investem mais nas compras de armamento bélico do que na educação e reeducação social ou econômica o seu povo. Por outro, há líderes que estão mais preocupados em manter o poder governativo do que olhar para eleitores/as na questão da sua sobrevivência.
Diante de tudo isso, alguns estão se mobilizando para ajudar os imigrantes e refugiados, o que é, pelo menos, um ato louvável. Mas enquanto a União Europeia, a União Africana e os Estados asiáticos não criarem políticas públicas que garantam a vida e dignidade aos cidadãos dos seus países, não haverá paz no mundo.
As guerras, independentemente de suas causas profundas, mas não só elas, costumam provocar deslocamentos compulsórios, gerando assim refugiados. Receber estes é uma obrigação, não uma escolha para os Estados que defendem o teor da Convenção de Genebra de 1951.
Que sentido há em fechar a fronteira para refugiados por decisão de políticos e parlamentares de ternos e gravatas nas salas de hotéis, enquanto centenas de jovens, adultos e até mesmo crianças estão se afogando no Mediterrâneo?
A Europa nunca será invadida, ela está em todo lugar se impregnando e chamando para si o material que é dos outros povos. Estes outros, em determinadas circunstâncias, seguem o objeto que lhes foi retirado, mesmo sem um aparente motivo. O maior invasor dos últimos séculos é a Europa, logo ela nunca será tão “invadida”.