Por Fernando Guelengue, Por dentro da África
Luanda – Inconformados com a decisão demorada do recurso pedido pelos advogados de defesa, mães, esposas e irmãs dos ativistas presos há um ano acusados de golpe de Estado, foram ao Tribunal Supremo, na última quinta-feira, para pressionar a instituição e obter informações precisas sobre o andamento do processo.
Os ativistas foram condenados num processo conhecido como os 15+nós – por fazer referência a todos os angolanos e estrangeiros que discordaram da forma violenta, injusta, ilegal que foram detidos, julgados e condenados pelo governo de José Eduardo dos Santos.
Veja o especial e entenda o processo contra os ativistas angolanos
Os jovens são vistos como promotores da consciência crítica do povo por meio de ações pacíficas como músicas de intervenção social, palestras, manifestações e debates nas redes sociais.
Raquel Sónia Chiteculo, esposa do docente universitário e autor do livro “O Pensamento Político dos Jovens Revús”, apresentado à imprensa em Lisboa, Portugal, declarou que foi ao TS foi para pressionar a decisão do pedido de habeas corpus solicitado pelos advogados.
“O Tribunal tem apenas seis meses para decidir, já passaram dois e não temos visto nenhuma movimentação. Nós, os familiares, estamos angustiados com a situação e temos todo o direito de saber sobre o andamento do processo que envolve os nossos”, frisou a mãe.
No dia 18 de junho fará dois meses desde que os advogados deram entrada ao pedido de habeas corpus no Tribunal Supremo. Os familiares foram informados, segundo Neusa de Carvalho, esposa do jornalista e ativista Sedrick de Carvalho, que o processo não se encontra no Tribunal Supremo e sim no última instância, o Tribunal Constitucional.
“Ficamos surpresas com o fato de nos informarem que o process
o já não se encontra naquele tribunal. Recebemos esta informação da boca do próprio juiz presidente do Tribunal Supremo que alegou que um advogado terá retirado o processo, levando ao Constitucional”, salientou.
Neusa lembrou que os ativistas foram condenados de 2 anos e seis meses a oito anos e seis meses de prisão pelos crimes de preparação de atos de rebelião e associação de malfeitores.
Eles estão cumprindo pena no Hospital Prisão de São Paulo e na cadeia da Kaquila, onde se encontram os ativistas Osvaldo Caholo, Sedrick de Carvalho e Domingos da Cruz. Até ao momento não há sinais de libertação dos activistas condenados por crime de rebelião e associação de malfeitores.
Policias não identificados revistam celas dos ativistas
Nesta segunda-feira, dia 13, o ativista preso Domingos da Cruz denunciou que um grupo de cerca de 30 membros identificados como Polícia Nacional entrou nas celas dos ativistas. Esperança Gonga, que falava à Rádio Despertar disse que os presos políticos Domingos da Cruz, Sedrick de Carvalho e o Osvaldo Caholo foram surpreendidos por volta das 23 horas de quinta-feira, por homens armados que revistaram suas celas.
Segundo Esperança Gonga, os indivíduos alegaram ordens superiores e que estavam acima da autorização dos serviços prisionais. “Não sabemos se eles foram para lá para colocar venenos nos nossos manos. Isso nos preocupa muito”.