André Carlos Zorzi, Por dentro da África
As Olimpíadas chegaram ao fim, e o Por Dentro da África traz para você o que os competidores africanos conseguiram conquistar nesta última semana dos jogos. Lembre-se que em 7 de Setembro será dado início aos Jogos Paralímpicos, que também contarão com a presença de diversos atletas africanos. Para relembrar o que havia sido conquistado na primeira metade do Rio-2016, clique aqui.
Confira a seguir, a posição de que cada país:
15º – Quênia – 6 Ouros – 6 Pratas – 1 Bronze
Como já era esperado, o Quênia disparou no quadro de medalhas graças ao seu tradicional bom desempenho no atletismo. David Rudisha (800m), Faith Kipyegon (1.500m), Conseslus Kipruto (3.000m com obstáculos), Vivian Cheriuyot (5.000m) e Eliud Kipchoge (Maratona) conquistaram medalhas de ouro para o país. Kipruto conseguiu completar sua prova em 8m03s28 e ainda estabeleceu um novo recorde olímpico.
Hyvin Jepkemoi (3.000 com obstáculos), Boniface Mucheru (400m com barreiras), Hellen Obiri (5.000m) e Julius Yego trouxeram a prata, e Margaret Wambui (800m) conquistou o único bronze do país.
Vale destacar a participação de Julius Yego, atleta conhecido por ter iniciado no mundo do arremesso de dardo assistindo vídeos no Youtube para aprender mais sobre o esporte, já que não tinha condições financeiras de pagar um treinador.
Com o tempo, foi se desenvolvendo cada vez mais, e tornou-se um grande nome da categoria, tendo se sagrado campeão mundial em 2015, quando estabeleceu o recorde africano, com 92.72m. Em Londres-2012, ocupou apenas a 12ª colocação, mas agora no Rio conseguiu se classificar na sexta colocação à fase final, e nela atingir 88.24m, conquistando seu lugar no pódio.
30º – África do Sul – 2 Ouros – 6 Pratas – 1 Bronze
Os dois ouros do país vieram do atletismo, com Wayde Van Niekerk e Caster Semenya.
Van Niekerk surpreendeu ao mundo derrubando o recorde mundial dos 400m livres, que pertencia ao estadunidense Michael Johnson, desde 1999. Vale lembrar que o sul-africano já era portador do recorde africano, de 43s48, um centésimo mais rápido que o recorde olímpico do próprio Johnson. Com os 43s03 conquistados em 2016, Van Niekerk carimbou de vez seu nome na história do atletismo, e de quebra levou o ouro para casa.
Já Semenya superou diversas polêmicas a respeito de seu gênero, que inclusive a levaram a passar por testes para comprovar que, de fato, era mulher e poderia concorrer na categoria feminina, e terminou os 800m livres com o tempo de 1m55s28, mais de um segundo à frente da segunda colocada.
O país, que já tinha conquistado a maior parte de suas medalhas ao início dos jogos, em esportes como a natação, por exemplo, também conseguiu mais uma prata graças ao arremesso de dardo feminino, por Sunette Viljoen, e um bronze de Henri Schoeman no triatlo masculino.
44º – Etiópia – 1 Ouro – 2 Pratas – 5 Bronzes
Talvez o feito que mais tenha chamado atenção ao país nestas Olimpíadas tenha sido proporcionado pelo maratonista Feyisa Lilesa: Ao cruzar a linha de chegada, levou as mãos acima de sua cabeça, fazendo um gesto de “X”, feito pelo povo Oromo, que alega sofrer com as autoridades do governo etíope. O atleta é da Oromia, região onde se encontram quase 35 milhões de pessoas relacionadas ao grupo.
“O governo etíope está matando minha gente, então eu fico ao lado de todos os protestos que estão sendo feitos, já que os Oromo são minha tribo. Tenho parentes na prisão, e se eles falarem sobre direitos democráticos, serão assassinados. Levantei minhas mãos para apoiar os protestos dos Oromo”, esclareceu durante a entrevista coletiva.
O corredor também falou sobre o medo de retornar à Etiópia após seu ato de coragem: “Se não me matarem, vão me colocar na prisão. Ainda não decidi, mas talvez eu me mude para outro país”.
Além de Lilesa, Genzebe Dibaba (1.500m) trouxe outra prata ao país. Ayana Almaz, que já havia quebrado o recorde nos 10.000m feminino, também conseguiu mais uma medalha para sua coleção, um bronze nos 5.000m. Mesma medalha obtida por Hagos Gebriwet (5.000m).
51º – Costa do Marfim – 1 Ouro – 0 Prata – 1 Bronze
O país conquistou sua melhor campanha na história dos jogos. Até então, havia conseguido apenas uma medalha em toda história, a de prata, em Los Angeles – 1984.
Cheick Sallah Cissé conquistou o primeiro ouro de seu país no Taekwondo, na categoria até 80 kg. Ele perdia a luta até os momentos finais, quando o placar apontava 6 x 5 para o britânico Muhammad Lutalo. No último segundo de disputa, Cissé conseguiu um chute certeiro que lhe deu mais três pontos, e a medalha de ouro.
Na mesma noite, Ruth Gbagbi conquistou um inédito bronze na categoria feminina até 67 kg, no mesmo esporte.
62º – Argélia – 0 Ouro – 2 Pratas – 0 Bronze
As duas únicas medalhas argelinas na competição vieram pelos pés de Taoufik Makhloufi, do atletismo. Nos 800m livres, fez um tempo de 1m42s61, estabelecendo o recorde nacional de seu país, e perdendo por apenas meios segundo para o queniano David Rudisha, atual dono do recorde mundial da categoria.
Dias depois, foi a vez de disputar os 1.500m livres, quando conseguiu outra prata em uma prova equilibradíssima: Do primeiro ao sexto colocado, todos os atletas encerraram a prova na mesma casa de segundo, com o resultado definido por décimos.
69º – Burundi – 0 Ouro – 1 Prata – 0 Bronze
A única medalha do país foi conquistada por Francine Niyonsaba, especialista nos 800m livres. Ela correu a prova em 1m56s49 e conseguiu a segunda colocação num pódio com outras atletas africanas, a sul-africana Caster Semenya e a queniana Margaret Wambui.
69º – Níger – 0 Ouro – 1 Prata – 0 Bronze
O país não conquistava uma medalha desde o bronze de Issaka Daborg em Munique-1972, e chegou ao patamar olímpico mais alto graças a Abdoul Razak Issoufou, na categoria masculina acima de 80 kg.
Razak venceu o francês M’bar N’Diyae por 6 x 0 na preliminar. Nas quartas, superou o brasileiro Maicon Siqueira por 6 x 1, para em seguida derrotar o uzbeque Dmitriy Shokin por 8 x 2. Ao ser derrotado por Radik Isayev, do Azerbaijão, acabou ficando com a prata.
75º – Egito – 0 Ouro – 0 Prata – 3 Bronzes
O taekwondo também foi responsável por dar a última medalha ao Egito, com Hedaya Malak, na categoria feminina até 57 kg. Ela competiu utilizando sua vestimenta muçulmana, e, curiosamente, foi ao pódio ao lado de Kimia Alizadeh, iraniana que também utilizou o costume.
Após vencer adversárias de Colômbia e Japão, foi derrotada pela espanhola Eva Calvo. Na repescagem, superou a belga Raheleh Asemani e garantiu o bronze.
78º – Nigéria – 0 Ouro – 0 Prata – 1 Bronze
A única medalha conquistada pelo país não teve um gosto de vitória tão grande: Bicampeã olímpica, a Nigéria conseguiu apenas a terceira colocação no futebol, mesmo sendo um dos principais cotados para chegar à final.
Após começar sua trajetória com uma movimentada vitória por 5 x 4 sobre o Japão e outra pelo placar mínimo diante da Suécia, pôde até se poupar e perder para a Colômbia por 2 x 0, já que havia garantido a primeira colocação em seu grupo.
Nas quartas, uma boa vitória sobre a Dinamarca, por 2 x 0, garantiu a equipe na disputa pela medalha até o fim.
Na semi-final, a equipe encarou a Alemanha, equipe forte, que, porém, não estava tão bem assim, mesmo tratando-se de um torneio sub-23. Um gol de Klostermann logo aos 9’ abalou um pouco os nigerianos, que perderam diversas boas chances de gol ao longo da partida. Os alemães que pouco fizeram ainda ampliaram aos 44’ do segundo tempo, para a tristeza da maior parte dos torcedores presentes no Itaquerão, que optaram em torcer pela equipe.
Na disputa pelo bronze, encarou Honduras, e conseguiu abrir 3 x 0, placar que perdurou até os 25’ do segundo tempo, quando os hondurenhos conseguiram diminuir. Aos 41’, Pereira reduziu para 3 x 2 e trouxe nova emoção à partida, mas os africanos mantiveram o 3 x 2 e conquistaram a única medalha de seu país no Rio-2