Rapper denuncia a chacina da juventude negra no clipe “Genocídios”

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Vera Veronika por Tatiana Reis

Nathália Pandeló Corrêa

Criado em animação, o clipe Genocídios, da rapper Vera Veronika, traz à tona a realidade dos brasileiros que vivem à margem da sociedade e são eliminados sem consequências. Na letra, a artista aborda a morte sistemática de jovens negros no Brasil, uma realidade estampada nos jornais do país e internacionalmente.

No Brasil, sete em cada dez pessoas assassinadas são negras. Na faixa etária de 15 a 29 anos, são cinco vidas perdidas para a violência a cada duas horas. De 2005 a 2015, enquanto a taxa de homicídios por 100 mil habitantes teve queda de 12% para os não-negros, entre os negros houve aumento de 18,2%. A letalidade das pessoas negras vem aumentando e isto exige políticas com foco na superação das desigualdades raciais. Saiba mais na Campanha Vidas Negras, das Nações Unidas.  

“O racismo dói, silencia e apaga nosso povo negro da história, e vem diariamente denunciando o assombroso aumento do número de homicídios da nossa juventude negra e periférica. A música ‘Genocídios’ traz à tona a existência de uma chacina em que a maioria das vítimas são homens, mulheres, transexuais, crianças, jovens, adultos e idosos negros e negras… são moradores de periferias, moradores de centros urbanos, moradores de rua. A música mostra a indiferença social e econômica do país, onde quem está morrendo é o outro, aquele que não tem voz e que está em situação vulnerável”, reflete Vera.

Assista ao clipe abaixo

A morte sistemática que estampam capas
Realidade injusta causa noticiada
Sumiço misterioso aumento de casos assombroso
Genocídio atribuído ao extermínio de um povo
Graves lesões aliadas a condições de existência
Medidas tomadas pra executar pela aparência
Mais de 20.000 por ano e os casos aumentam mais
Números absurdos em tempos de paz
O Estado brasileiro intencionalmente se omite
Autos de resistência na quebrada persiste
Sombras no olhar cresce o ódio entre os nossos
Razões pra lutar, já tá mais que óbvio
Elite eurocentrista, negligente e racista
Concentra toda a renda e exclui a maioria
O 13 de maio não aboliu seus preconceitos
No dia seguinte de porta pra fora da força interna sobrevivemos

REFRÃO

Pra viver
De sol a sol,
Suor
Pra viver
Dez vezes melhor
O giz ou o fuzil
Quem foi que decidiu
Que pra morrer
Basta minha cor ?

A cada dez jovens mortos sete são negros no Brasil
Suspeito de cor padrão na pátria mãe gentil
Pena de morte imposta aniquilação seletiva
Iniciativa pelo fim da juventude viva
Discurso vazio advindo do executivo
Aos mais vulneráveis nenhum foco político
Inclusão social e ações afirmativas
Versus meritocracia práticas repressivas
Sem dúvidas processo de exclusão eficaz
Aos mais vulneráveis potenciais marginais
Genocídio é simbólico a CPI concluiu
Pretos e pretas meros símbolos sangrando no fuzil
Num cenário de execução não se planeja a vida
Seu caso não comove não interessa à mídia
E a treta qualquer hora vai bater na sua porta
Reaja ou será morto reja ou será morta

REFRÃO

Racismo institucional no mapa da violência
Execuções sumárias quase sempre vítimas pretas
A desigualdade não é só social
É sistêmica e cultural étnico racial
Homicídios entre nós naturais banais
Violações de direitos julgamentos marginais
A agenda do governo ignora com intenção
Nenhum compromisso com a reparação

REFRÃO

Ficha técnica:
Letra: Vera Veronika, Nego DÉ, Thiago Jamelão
Produção Musical: Higo Melo
Arranjos: Higo Melo
Gravada nos Estúdios (Qistudio- DF)
Participações: NEGO DÉ, Thiago Jamelão, Junior Cabelera e Flavia Nascimento
Produção Musical: Higo Melo
Direção, Animação e Edição: Marco Lellis
Roteiro e Direção: Vera Verônika e Marco Lellis
Mixagem e Masterização: Higo Melo
Locação: OZZI – Escola de Áudio Visual
Intérprete voluntária de Língua Brasileira de Sinais: Babi Barbosa