Samantha Beattie, Por dentro da África
(Samantha, nascida na Nova Zelândia, trabalha como voluntária de projetos sociais no Quênia)
Nairobi, Quênia – Uma das minhas primeiras experiências no Quênia foi uma visita ao David Sheldrick Wildlife Trust, popularmente conhecido como o “Orfanato de Elefantes”. Fundada em 1977, a organização tem o objetivo de conservar e proteger a fauna nativa do Quênia. Seu principal e mais conhecido programa gira em torno do cuidado de elefantes órfãos.
Os elefantes são atendidos no orfanato até os três anos de idade e depois são reintroduzidos na natureza no Parque Nacional de Tsavo, no sul do Quênia. Esse processo pode levar vários anos… Somente quando o órfão é totalmente aceito por sua família adotiva que o processo termina. Esse compromisso é uma prova do trabalho fantástico desta organização.
O orfanato é aberto ao público durante uma hora por dia (das 11h ao meio-dia). Neste período, os visitantes têm a oportunidade de ver os bebês sendo alimentados e hidratados. Enquanto eles “almoçam”, o guia ou guardião do parque explica os detalhes da alimentação e o contexto que levou os elefantes até o orfanato (uma relação direta com a caça predatória).
É uma aula de preservação e uma experiência verdadeiramente comovente ver esses pequenos elefantes brincando ao redor dos visitantes! Com apenas uma hora de observação, é possível constatar que esses animais têm uma incrível personalidade.
No entanto, a visita também é muito importante para entender porque esses bebês adoráveis estão em um orfanato… Para a maior parte, é por causa da atividade humana. Enquanto muitos turistas vêm para a África para ver animais, como elefantes, circulando livremente em seu habitat natural, alguns têm um interesse mais egoísta e cruel nestas criaturas magníficas.
A procura por marfim permanece elevada, apesar de ser um comércio ilegal. A maioria dos órfão foi resgatada ao lado das mães mortas por conta do marfim e a única forma de reduzir o número de elefantes órfãos é combater esse mercado desumano.
O guardião salienta justamente a importância de se recusar a comprar marfim, já que participar deste mercado é contribuir para a destruição de centenas de famílias de elefantes. Outro fator que atinge diretamente os órfãos é a destruição ou interferência em seu habitat. Este problema é, possivelmente, mais difícil de superar, já que a população mundial continua a crescer. Compreender esta realidade durante a visita é uma experiência indescritível.
Apesar do início trágico na vida desses elefantes, o trabalho que a organização faz é encantador. Ela tem iniciativas fantásticas como a chance de você apadrinhar um bebê com apenas U$50 dólares por ano (cada elefante custa US$900 dólares por mês). Depois da minha visita ao orfanato, eu simplesmente não conseguia parar de pensar em dar às pessoas a chance de ser também um padrinho.
Este trabalho de conservação também tem o papel de educar as futuras gerações sobre sua importância de preservar a vida selvagem. O que eu testemunhei no Quênia foi muito além das minhas expectativas… Esse trabalho é maravilhoso tanto do ponto de vista da sensibilização para os problemas enfrentados pelos animais selvagens da África quanto pela solução desses problemas. O fato de que você poder ver os elefantes e ajudar a causa torna tudo ainda mais interessante!
Por dentro da África