
Ngũgĩ wa Thiong’o, renomado escritor queniano, faleceu aos 87 anos em 28 de maio de 2025, em Bedford, Estados Unidos. Figura central da literatura africana contemporânea, ele foi um incansável defensor da descolonização cultural e linguística do continente.
Nascido em 1938, em Kamiriithu, no Quênia, durante o domínio colonial britânico, Ngũgĩ viveu a repressão do período e o levante Mau Mau*, experiências que moldaram sua visão crítica sobre o colonialismo e suas consequências. Seu romance de estreia, Weep Not, Child (1964), foi o primeiro de um autor da África Oriental publicado em inglês. No entanto, a partir dos anos 1980, ele passou a escrever exclusivamente em kikuyu, sua língua materna, como forma de resistência cultural.
Sua peça Ngaahika Ndeenda (1977), coescrita com Ngũgĩ wa Mirii, levou à sua prisão sem julgamento por um ano. Durante o encarceramento, escreveu Devil on the Cross em papel higiênico. Após ser libertado, exilou-se em 1982, lecionando na Universidade da Califórnia, em Irvine, e continuando sua produção literária e ativismo .
Ngũgĩ também é autor de Decolonising the Mind (1986), ensaio seminal que defende a valorização das línguas africanas como instrumento de emancipação cultural. Outras obras notáveis incluem Petals of Blood (1977), Matigari (1986) e Wizard of the Crow (2006) .
Apesar de frequentemente citado como candidato ao Nobel de Literatura, o prêmio nunca lhe foi concedido. Sua morte foi lamentada por líderes e intelectuais africanos. O presidente queniano William Ruto destacou seu papel como “intelectual patriótico comprometido com a justiça e a verdade” .
*Revolta dos Mau-Mau foi um movimento ocorrido durante o processo de descolonização do Quênia (1952), iniciado pelo grupo ‘Mau-Mau’, organização que surgiu entre os Kikuyu, grupo étnico do Quênia, com a finalidade de libertar o país. A guerra fez perto de 100 000 mortos do lado africano e 320 000 prisioneiros (civis e rebeldes).
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