Luta contra o casamento infantil em alguns países da África pode levar 100 anos

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Child Marriage and Adolescent Pregnancy in Mozambique: Policy Brief
Child Marriage and Adolescent Pregnancy in Mozambique: Policy Brief

Com informações da ONU

A menos que os progressos sejam acelerados, o fim do casamento infantil na África Ocidental e Central levará mais de 100 anos, com consequências profundas para milhões de meninas e forte impacto na prosperidade da região, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no fim de outubro (24).

O relatório revela que, devido ao rápido crescimento populacional e à alta prevalência do casamento infantil, mesmo que a atual taxa de declínio dessa prática seja duplicada, não seria o suficiente para reduzir o número anual de meninas casadas.

Saiba mais: Parceria global quer erradicar o casamento precoce na África

“Não podemos continuar permitindo que tantas meninas prejudiquem sua saúde, educação e infância”, disse Fatoumata Ndiaye, diretora-executiva adjunta do UNICEF, em comunicado à imprensa. Ela acrescentou que “seguindo as taxas atuais, nosso relatório mostra que levará mais de 100 anos para eliminar o casamento infantil na região — como isso é aceitável?”.

As novas projeções, lançadas durante uma reunião de alto nível em Dakar, capital do Senegal, lançam luz para uma região onde as meninas enfrentam o maior risco de se casar na infância.

Embora a prevalência do casamento infantil na África Ocidental e Central tenha diminuído ao longo das últimas duas décadas, o progresso foi desigual. Segundo os dados apresentados, quatro em cada dez meninas são casadas antes dos 18 anos e, destas, uma em cada três antes dos 15 anos.

A África Ocidental e Central inclui seis dos dez países com maior prevalência de casamento infantil no mundo: Níger, República Centro-Africana, Chade, Mali, Burkina Faso e Guiné.

O relatório também ressalta que o progresso é possível com uma combinação correta de estratégias, como capacitar meninas, mobilizar famílias e comunidades para mudar atitudes e comportamentos, prestar serviços adequados àquelas que estão casadas ou em situação de vulnerabilidade, além de estabelecer leis e políticas consistentes para proteger e promover os direitos das meninas.

Em cinco países da região — Gâmbia, Guiné-Bissau, Togo, Gana e Ruanda, os declínios variaram de 40% a 60% nos últimos 25 anos.

Quanto mais uma menina permanece na escola, menor será a chance de ela se casar antes dos 18 anos e ter filhos durante a adolescência, afirma a agência.

“Colocar meninas na escola deveria ser nossa prioridade”, disse Ndiaye. “Não só porque prepara as meninas para a vida, mas também ajuda a levantar suas famílias, suas comunidades, seus países para fora da pobreza”.