Fabricio Forganes, Por dentro da África
Há muito se especula sobre a contribuição dos negros na arquitetura brasileira, tentando encontrar algum elemento que tenha sua origem em terras africanas ou mesmo uma alteração nos espaços arquitetônicos coloniais, que possa ser comprovadamente referida às culturas africanas. Textos elaborados no século XX deram subsídios para inúmeros avanços neste sentido, como os de autoria do sociólogo Gilberto Freyre ou do arquiteto Lúcio Costa, contudo ainda estavam presos às questões relacionadas aos serviços domésticos que a mão-de-obra escrava negra prestava.
Na abordagem patriarcal acerca da constituição da sociedade brasileira, Freyre dá importância ao negro atuando apenas como escravo, descrevendo a partir de vasta documentação o trabalho do homem africano transportando diversos pesos nas ruas para possibilitar a rotina das cidades – “Tudo se transportava às cabeças ou ombros dos escravos” – ou das mulheres com o duro fardo das atividades domésticas na manutenção dos sobrados 1. Em conformidade a esta tendência, alguns arquitetos modernistas tentavam entender a arquitetura colonial brasileira dizendo que “era o negro que fazia a casa funcionar”, reduzindo a participação do africano na arquitetura brasileira apenas à categoria de escravo, sem validar qualquer contribuição relevante 2.
Ainda assim o século XX recuperou a obra de dois importantes artistas mulatos: Antônio Francisco Lisboa e Valentim da Fonseca e Silva, respectivamente Aleijadinho e Mestre Valentim 3 . No caso de Aleijadinho, suas obras tiveram como clientes as irmandades laicas católicas, o que lhe permitiu liberdade para retratar de forma original santos ou figuras angelicais de pele negra 4 . A sua genialidade ao esculpir imagens ou sua impressionante habilidade ao criar relevos nas portadas em pedra-sabão, o tornou um protagonista da vida artística nas Minas Gerais, o que lhe conferiu uma biografia quarenta e quatro anos após sua morte, executada por um escritor branco. 5
Também é vasto o acervo de Mestre Valentim, passando de obras de esculturas e talhas para igrejas católicas, a obras de grande vulto no urbanismo da cidade do Rio de Janeiro. Pertencia à modesta Irmandade dos Pardos de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito, mas seu trabalho foi praticamente monopolizado por encomendas governamentais e de congregações laicas de maioria branca. 6 Para este artista/arquiteto, além da biografia cedo elaborada, um elemento pictórico reafirma o reconhecimento de seu papel na sociedade da época: a obra do artista ítalo-brasileiro João Francisco Muzzi, de 1789, apresenta o mulato Mestre Valentim entregando o projeto arquitetônico do Recolhimento de Nossa Senhora do Parto ao vicerrei Dom Luis de Vasconcelos e Sousa.
Ao figurar o artista em primeiro plano junto ao vicerrei, Muzzi reafirma por intermédio dos contrastes de roupas e de posturas de ambos, a situação social do artista reconhecido por seu talento, mas submetido e dependente da corte. Sobre sua obra, ainda que haja o mérito pela originalidade ao misturar estilos decorativos nos projetos arquitetônicos, o repertório utilizado ainda será o europeu. 7 Mestre Valentim e Aleijadinho são dois artistas afro-brasileiros que imprimiram a tendência clássica da época em suas produções, mas o reconhecimento de ambos em vida supera a necessidade da identificação dos traços afros em sua obras.
A contribuição da cultura afro-brasileira na arquitetura colonial pode ser melhor investigada através das obras produzidas pelas ou para as Irmandades dos Homens Pretos. Estas igrejas, executadas em sua maioria por artistas negros anônimos, merecem destaque como marcas da sociedade escravocrata do período colonial brasileiro. Talvez por estarem longe dos olhos que buscam o arrebatamento que a arquitetura barroca pode oferecer, estes edifícios, que eram o único lugar em que o negro escravo ou liberto poderia exercer sua devoção, geralmente estão esquecidos nas periferias ou mesmo em ruas escondidas no centro das cidades.
Estes prédios, construídos com o esforço dos primeiros africanos que chegaram ao nosso país, foram elaborados conforme seus gostos e destinados ao uso de acordo com suas necessidades. São templos religiosos concebidos conforme modelos tradicionais dos edifícios católicos, mas que no uso proporcionavam a fé liberta, sem regras, sem restrições, sem limites, sem punições. Estas igrejas – edificações que faziam parte do plano de propagação do catolicismo, já presente na África desde o terceiro quartel do século XV – aqui no Brasil serviram como espaços de resistência, dando aos negros a possibilidade da recriação de laços étnicos e a liberdade de crenças, seja pela fé sincrética ou convergente. 8
A riqueza arquitetônica destes edifícios pode variar em decorrência do tempo que a edificação levou para ser construída, da importância econômica do local em que está situada, ou mesmo das estratégias que estavam à disposição dos negros na obtenção dos recursos necessários para a execução do projeto. Com relação à técnica empregada, alguns edifícios foram construídos com paredes de alvenaria de pedras e outros de taipa de pilão, possuindo fachadas inicialmente elaboradas à maneira colonial com portada destacada, e torre sineira nos casos possíveis.
O interior em geral decorado de forma mais modesta quando comparado às igrejas dos brancos, mantinha o altar-mor dedicado na maioria das vezes a Nossa Senhora do Rosário, e altares laterais dedicados a santos negros como São Benedito, Santa Ifigênia, São Elesbão, Santo Antonio de Catageró ou Santo Rei Baltazar. Com o passar dos tempos, a igreja poderia ser enriquecida com pinturas de teto, objetos religiosos mais ricos ou mesmo a reformulação das fachadas recebendo duas torres sineiras ou a atualização dos acabamentos externos de acordo com o padrão da época. A preferência nestas construções era pela contratação de artistas negros ou mulatos, o que não impediria a escolha de artistas brancos para a composição de partes do projeto destas igrejas, e há de se reconhecer que existiu grande esforço por parte dos irmãos negros para, dentro de suas possibilidades 9, erigir igrejas com arquitetura relevante mesmo em territórios onde sofriam muita pressão por parte do clero ou da sociedade civil.
Analisando os documentos de boa parte destas igrejas, fica comprovado que a iniciativa de construção partia dos negros, em terrenos comprados ou doados 10, cujos edifícios erguidos com o dinheiro e o esforço dos escravos ao longo de vários anos, tinha como motivação a possibilidade de uso destes espaços para atividades que ultrapassavam as questões religiosas, proporcionando aos negros um lugar de liberdade e de resistência.
Independentemente destas igrejas serem construídas a partir de modelos europeus, determinadas características ainda preservavam certa aproximação com o universo africano, como a apropriação do espaço externo nos momentos ritualísticos resgatando costumes locais de um povo que vivia em contato com a natureza, a presença dos santos negros que estabeleciam laços de ancestralidade pela semelhança da cor da pele 11 , ou o uso de instrumentos musicais africanos como atabaques e agogôs nas celebrações católicas afro-brasileiras.
Foi sob o teto destas igrejas que se originaram diversas manifestações culturais que hoje são valorizadas pelo pioneirismo negro como o maracatu (que nasceu às portas das igrejas do Recife e Olinda), o candomblé (que teve inicio nas irmandades baianas), as congadas (dança executada pelos negros nos eventos de coroação dos Reis de Festa, que rememoram as lendas referentes ao encontro dos reinos do Congo e Portugal), e todas as ramificações que estes eventos proporcionaram em solo brasileiro.
A igreja católica, com seus severos métodos durante o embarque dos negros ainda na África, após a imposição do batismo, os exortava a “não se deixarem levar pelas antigas práticas”, compulsoriamente os incluindo em um novo meio cultural, a caminho de um lugar distante onde aprenderiam as “coisas da fé”. 12 E embora houvesse a tentativa de eliminar a herança cultural destes negros pela imposição de uma nova crença é incontestável que as identidades se revelariam no solo brasileiro quando estes africanos se encontrassem com outros negros de mesma origem, principalmente nos espaços das irmandades. 13 Existiam divergências causadas pelas diferenças identitárias, contudo o negro escravo acabou compreendendo que, mesmo que as irmandades não lhe conferissem igualdade social com os brancos, elas seriam um privilegiado espaço de liberdade.
Além da sociabilidade, as irmandades poderiam resolver uma questão fundamental da tradição africana que era o culto aos mortos, concedendo aos escravos um lugar digno para suas sepulturas que, conforme suas crenças, proporcionaria uma passagem segura do mundo dos vivos para o mundo dos ancestrais. Certamente esta necessidade justificou a rapidez na adesão de alguns escravos ás irmandades 14 , e assimilar em maior ou menor dose a cultura europeia passou a ser uma decisão particular de cada irmão.
O “catolicismo afro brasileiro” 15 se tornou o tema de recentes estudos, comprovando que a fé destes primeiros negros não era hermética ou baseada apenas no sincretismo, mas os diferentes grupos de africanos também trouxeram novas formas de culto. Certamente em virtude da migração de negros mesmo no Brasil, determinadas devoções chegaram mais fortes em lugares como São Paulo ou Rio de Janeiro, marcando de forma definitiva a importância destes prédios destinados aos cultos de santos como São Benedito ou Nossa Senhora do Rosário, mas preservando ainda assim a “aculturação” nos ritos 16 . O estudo das irmandades dos homens pretos revela as tentativas de eliminação deste grupo nos séculos XIX e XX, 17 e há casos ainda hoje, em que estas confrarias estão sendo forçadas a se diluírem, e a apropriação destas edificações por parte de pessoas não ligadas à preservação da cultura africana, pode resultar na eliminação destes prédios em longo prazo devido à falta de uso ou manutenção.
No final do século XX estes prédios foram sendo esquecidos, e um importante patrimônio se perdendo, talvez por se tratarem de igrejas católicas, pela pressão que esta instituição imprimiu aos povos africanos desde a colonização, ou pela localização destes edifícios longe dos centros urbanos e em desuso pela comunidade. Contudo, vale ressaltar que algumas irmandades atualmente estão ativas, lutando bravamente por seu espaço no século XXI, tendo interesses semelhantes aos dos antepassados na questão da preservação de um grupo mas buscando novas estratégias para resistir, seja na articulação política ou no desenvolvimento de atividades sociais e culturais que ampliam a importância da igreja ultrapassando a esfera religiosa.
Independente dos resquícios históricos das instituições católicas, as igrejas das Irmandades dos Homens Pretos ainda estão entre os edifícios que revelam o traço mais original na arquitetura produzida por negros escravos em terras brasileiras, algumas apresentando o trabalho artístico de importantes artífices negros ou mulatos. Ainda que possam ser reconhecidos pela beleza arquitetônica, estes prédios devem ser conservados pela “cobertura” que estes locais deram à população africana, garantindo a resistência destes cativos e o florescimento de inúmeras manifestações, algumas apontadas como de interesse nacional. Olhar com mais cuidado para esta arquitetura é valorizar um marco religioso e o solo sagrado de muitos dos nossos ancestrais.
Notas:
1. No livro Casa Grande & Senzala, Gilberto Freire aborda a participação do africano no modo de ser e na formação social da família brasileira. Os capítulos II “O engenho e a praça: a praça e a rua” e X “Escravo, animal e maquina” abordam sobre a atuação negra em cidades importantes do período colonial no Brasil. FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mucambos: decadência do patriarcado rural e desenvolvimento urbano. 15° Edição. São Paulo: Editora Global, 2004.
2. “A máquina brasileira de morar, ao tempo da colônia e do império, dependia dessa mistura de coisas, de bicho e de gente, que era o escravo. Se os casarões remanescentes do tempo antigo parecem inabitáveis devido ao desconforto, é porque o negro está ausente. Era ele que fazia a casa funcionar: havia negro para tudo – desde negrinhos sempre à mão para recados, até negra velha, babá. O negro era esgoto; era água corrente no quarto, quente e fria; era interruptor de luz e botão de campainha; o negro tapava goteira e subia vidraça pesada; era lavador automático, abanava que nem ventilador. Mesmo depois de abolida a escravidão, os vínculos de dependência e os hábitos cômodos da vida patriarcal de tão vil fundamento, perduraram, e, durante a primeira fase republicana, o custo baixo da mão de obra doméstica ainda permitiu à burguesia manter, mesmo sem escravos oficiais, o trem fácil da vida do período anterior”. Trecho do “Depoimento de um arquiteto carioca”, de Lucio Costa. In: Centro dos Estudantes Universitários de Arquitetura. Lúcio Costa: sobre arquitetura. Porto Alegre: UFRGS, 1962. Op. Cit, p. 174-175.
3. Sobre estes artistas mulatos, o arquiteto Sylvio de Vasconcellos afirma que “será interessante salientar igualmente a predominância de mulatos nas artes plásticas mineiras, na 2ª metade do século XVIII, predominância essa que pode ser atribuída, não só a herança que traziam de seus antepassados negros, mais dados talvez às artes que os portugueses, como também à condição social que desfrutavam, isto é, livres para a obtenção de serviços e não sujeitos às limitações que impediam, no geral, os brancos, de se dedicarem a trabalhos manuais”. VASCONCELLOS, Sylvio de. Vila rica: formação e desenvolvimento-residências. São Paulo: Perspectiva, 1977. P. 99.
4. A imagem do Santo Rei Mago Baltazar, parte da coleção do presépio da Igreja de São Francisco de Assis da cidade de Ouro Preto é uma das esculturas de santos negros atribuída a Aleijadinho. Hoje, a peça se encontra no Museu da Inconfidência, localizado na mesma cidade.
5. BRETAS, Rodrigo Jose Ferreira. Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Livro de 1858.
6. CARVALHO, Ana Maria Fausto Monteiro de. Mestre Valentim, Espaços da arte brasileira. São Paulo: Cosac&Naify Edições, 1999
7. Na arquitetura ou urbanismo do Rio de Janeiro, dentre algumas obras com comprovada autoria de Mestre Valentim podemos citar o Chafariz das Saracuras e o Chafariz do Carmo, ainda existentes na cidade, hoje localizados em lugares diferentes dos originais.
8. Sobre o sincretismo, diferentes autores abordaram o tema, tendo como pano de fundo a religiosidade nascida da fusão do negro africano com o branco português, do culto aos orixás com o catolicismo romano. A palavra, utilizada na chave “religiões” a partir do século XIX, aos poucos esta sendo substituída por termos como “fusão de crenças” ou “equivalência de divindades”, seguindo uma tendência já iniciada por Nina Rodrigues em seus estudos no ano de 1935. Ainda que o autor considerasse, por vezes, a comunidade negra com dificuldade de compreensão do catolicismo – o que levaria à justaposição das divindades – seus estudos foram pioneiros para a pesquisa no campo da religiosidade afro-brasileira, sendo referencia bibliográfica até hoje. Atualmente, a este autor somam-se outros que buscam separar as diferentes formas de devoção dos negros, como as historiadoras Antonia Aparecida Quintão, Julita Scarano e Marina de Mello e Souza.
9. Exemplo a ser citado é o da igreja mineira de Santa Ifigênia do Alto da Cruz, suposta igreja de Chico Rei, cujo altar-mor foi elaborado pelo artista português Francisco Xavier de Brito sob orientação de Manuel Francisco Lisboa, este último pai do artista Aleijadinho. Outros casos estão sendo investigados a partir da pesquisa nos documentos das Irmandades dos Homens Pretos, revelando certa tendência à contratação de artistas afro-brasileiros.
10. “Cada irmandade era proprietária, com direito civis reconhecidos, das igrejas ou capelas que construíam; do cemitério onde eram sepultados seus irmãos; animais de sela, imagens, utensílios e mobiliários dos seus respectivos templos”. Trecho do Compromisso da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos da cidade de Ouro Preto, de 1715. SALLES, Fritz Teixeira. Associações Religiosas no Ciclo do Ouro. Universidade de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG. 1963. P.18.
11.VAINFAS, Ronaldo. Ideologia e escravidão: os letrados e a sociedade escravista no Brasil Colonial. História Brasileira 8. Petrópolis: Editora Vozes, 1986. P.40.
12. PEREIRA, Julio Cesar Medeiros da Silva. À flor da terra: o cemitério dos pretos novos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Garamound: IPHAN, 2007. P. 42.
13. Um exemplo seria a Revolução dos Malês, a última e a maior de todas as insurreições negras da Bahia, vista como consequência da aglutinação de negros islamizados. FILHO, Luiz Vianna. O negro na Bahia (um ensaio clássico sobre a escravidão). 4 ed. Salvador: EDUFBA: Fundação Gregório de Mattos, 2008. P. 199.
14. A maioria dos compromissos das Irmandades de negros possui alguns capítulos que descrevem o ritual de enterro e a garantia de sepultura aos irmãos adeptos. Esta particularidade e o entendimento da importância que os africanos davam ao culto dos mortos sugere que esta seja também uma das premissas para a adesão dos escravos ás Irmandades. Em concordância a esta hipótese estão os trabalhos de alguns autores pesquisados: Antônia Aparecida Quintão, Caio Cesar Boschi, Fritz Salles Teixeira, Júlio Cesar Medeiros da Silva Pereira e Julita Scarano.
15. O termo “catolicismo negro” ou “catolicismo afro-brasileiro” tem sido usado por vários pesquisadores, tenta abordar as novas formas de culto nascidas no interior das irmandades dos homens pretos. No livro Sobrados e Mucambos, Gilberto Freyre descreve tal particularidade apontando os estudos de Nina Rodrigues ou mesmo do naturalista Charles Mansfield: “(…) os pretos no Brasil, em vez de adotarem os santos católicos, esquecendo ou abandonando os seus, substituíram os africanos pelos portugueses, exagerando pontos de semelhança e conservando reminiscências dos africanos. Ás vezes, quase criando novos santos com elementos das duas tradições religiosas. Uns como santos mestiços, pode-se dizer.”.(FREYRE, 2004. P 148). Já o historiador Júlio César Medeiros da Silva tenta explicar tal termo levando em consideração o grupo dos bantos que estiveram no Rio de Janeiro: “Do encontro destas duas culturas e formas diferenciadas de ver o mundo, a saber: a católica e a banto, há uma junção de práticas que remodelam uma nova forma de se relacionar com o sagrado, diferente do seu estado anterior. Os rituais africanos e católicos se fundem dando origem a práticas simbólicas novas, mas que guardam certas particularidades e delas não abrem mão”. (PEREIRA, 2007. P. 178,179).
16. O termo aculturação designa a fusão ou adaptação de culturas decorrente de contato continuado. Contudo, os documentos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, que legitimam as “celebrações afros” , utilizam o termo “inculturação” para classificar as celebrações que são resultado da prática cristã no contexto cultural em que ela foi difundida, a introdução da cultura católica em outras culturas.
17. Conforme pesquisa nos documentos dos arquivos da Arquidiocese de São Paulo, Compromissos e Atas de irmandades dos homes pretos, tal situação ocorreu na cidade de São Paulo, contudo investiga-se que as irmandades podem ter sofrido perseguição em outras cidades brasileiras.
Fabricio Forganes Santos é arquiteto, curador de arte sacra e pesquisador sobre o “catolicismo afro-brasileiro”. Iniciado no Ketu em Osala e devoto de Nossa Senhora Aparecida.