Brasil receberá primeira visita de rei bantu após a escravidão

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Foto: ILABANTU

Com informações do ILABANTU

Brasília – Aumentar a conscientização das sociedades no mundo no combate ao preconceito, à intolerância e ao racismo. Este é o objetivo da Década Internacional dos Afrodescendentes, criada por resolução da Assembleia Geral da ONU no dia 23 de dezembro de 2014. A visita do Rei do Bailundo, em Angola, Armindo Francisco Kalupeteca “Ekuikui V”, em abril deste ano, será um fato histórico que fará parte da celebração do decênio, sendo um evento aguardado com expectativa por povos e comunidades tradicionais de matriz africana e do movimento negro brasileiro.

A visita será marcada pelo ineditismo da presença de um rei tradicional Bantu no país – que já recebeu visitas de reis dos povos Iorubás e Jêje (tronco Ewé-Fon), mas nunca de uma autoridade tradicional do povo Congo-Angola (como ficaram conhecidos os povos Bantu no Brasil a partir das suas tradições de matriz africana perpetuadas nos terreiros, considerados espaços de acolhimento, proteção e ressignificação da vida). Entre descendentes de povos Bantu que marcam, a partir do Brasil, as lutas dos povos negros no mundo, estão Zumbi dos Palmares e Ganga Zumba, mas cujas origens são, em grande parte, desconhecidas pela maioria do povo brasileiro.

Em um momento de implementação de políticas de reparação no Brasil, locais significativos na história do país e que são de marcada presença bantu serão visitados pelo Rei do Bailundo e sua comitiva. Entre eles, o Memorial Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga (Alagoas); o Cais do Valongo, que integra Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana do Rio de Janeiro; o Quilombo do Cafundó, em Salto de Pirapora; o Terreiro de Matamba Tombensi Neto (casa de cultura tradicional angolana fundada em 1885 na periferia de Ilhéus, sul da Bahia); além de sítios históricos no estado de Minas Gerais, localidade de incomensurável presença bantu-angolana.

Saiba mais: Cais do Valongo: Ponto de partida para a herança africana no Rio de Janeiro 

Foto: ILABANTU

Nas regiões que ocuparam, os bantu introduziram a metalurgia, a agricultura e a forma de governo centralizada. Formaram sociedades matrilineares nas quais as terras cultivadas eram consideradas dos antepassados, as florestas eram comunitárias e o trabalho era individual. Esses grupos foram maioria na Bahia, Alagoas, Pernambuco, Maranhão, Minas Gerais e Rio de Janeiro. E em muitos momentos reproduziram aqui sua organização (especialmente nos quilombos), sua arte e visão de mundo.

A capoeira, a congada, as danças e cerimônias cateretê, caxambu, batuque, samba, jongo, lundu e maracatu são heranças banto, assim como o candomblé aqui denominado de congo-angola, onde a capoeira angola encontra ligações. Entre descendentes de povos Bantu que marcam, a partir do Brasil, as lutas dos povos negros no mundo, estão Zumbi dos Palmares e Ganga Zumba, mas cujas origens são, em grande parte, desconhecidas pela maioria do povo brasileiro.

Programação

Foto: ILABANTU

Mediada pelo coordenador nacional do Instituto Latino Americano de Tradições Afro Bantu, ILABANTU/ Nzo Tumbansi, Walmir Damasceno (Taata Nkisi Katuvanjesi), o rei e sua comitiva desembarcarão, no dia 4 de abril, no aeroporto de Guarulhos para cumprirem um roteiro de viagens por outras quatro capitais, além de cidades do interior brasileiro e países da América Latina.

Nas localidades a serem visitadas, haverá recepções ao rei com a presença de autoridades tradicionais de povos de matriz africana e do governo, ativistas do movimento negro, acadêmicos e pesquisadores (as) de distintas universidades.

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