Ed Mulato
(em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha)
O vestido que encurta,
Mas encurta só na frente;
Sua mente quase surta:
É que tem gente por dentro do ventre.
Alegrias, só sorrisos,
Vem tristezas, de repente;
Este choro sem aviso:
Tem gente por dentro do ventre.
Mundo sujo, com coragem,
Quem tem fé que o enfrente;
Siga firme na viagem:
Com gente por dentro do ventre.
Que danada dor é esta?
Eita dor que é diferente.
É calor que quando dói.
Esgarça, rompe, quase rói,
Quando rasga no seu ventre.
O olhar é sempre altivo,
Que euforia, de repente:
Um sorriso, um choro vivo,
Que prazer de ser semente!
Tetas fartas, novo leite,
Jorra largo, sempre quente.
O prazer de ser de novo,
O mesmo ser, bem diferente.
É trazer p´r´um mundo novo,
O calor de nova gente.
Tatuagem renascida,
Nova vida, ser contente;
Esperando a nova dor,
A grata dor de ser semente:
O prazer de dar amor,
Fazedor de nova gente.
Mulher negra, a africana,
Em meu eterno continente,
Ao parir a humanidade,
Por descuido ou insanidade…
Seu prazer foi ser semente.