África em Crônica: A emoção atrás das desigualdades

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virginia perfil1Por Gabriel Ambrósio, Por dentro da África 

São Paulo – Essa crônica urge no programa da teve Record, na história de pessoas negras que, superam grandes dificuldades dentro do Brasil. Falo aqui sobre a hipocrisia das campanhas sobre pessoas negras que sofrem racismo. Dentro dessa realidade, há os famosos e os pobres desconhecidos.

Acompanhem e abram o vosso poder interpretativo e reflexivo da história, da pobreza dos afrodescendentes no Brasil ou na América do Norte. Se quiserem falar podem, mas eu escrevo com punho e mente sensível à realidade. Convidaram “Cícero Batista Pereira” médico, no programa televisivo falando e tão bem, ele falava “Se o governo pagar os melhores salários aos profissionais da educação, a educação muda!” No Brasil, vive-se desprezando os profissionais da educação, e muitos não se preocupam com a educação.

É possível ver sinceridade na cara e na mente de um homem/mulher com uma cultura elevada. Muitos médicos nunca falaram isso porque vivem o espírito capitalista que segrega as classes sociais, e especialmente, os negros e negras. Vale lembrar que o tal médico havia encontrado um livro no lixo, que o inspirou a ser médico.

A desigualdade social na sociedade brasileira é muito forte, e principalmente entre os negros no Brasil. A história que foi apresentada na emissora Record sobre “superação”. É claro que é superação, mas também é talento. É sem sombra de dúvida, mas as mesma Record, não tem apresentadores negros.

Este texto vai emocionar os sensíveis e lúcidos da realidade excludente. Como dói sofrer preconceito e ser excluído no mundo. Não se globaliza esses casos, mas expresso a tamanha pobreza de muitos afrodescendentes no Brasil. Vejo muitos deles sem teto, sem comida, sem dignidade. Muitos afrodescendentes são chamados de traficantes, de criminosos, exterminados, ou perdidos em meio às desigualdades.

Eu acredito que falte caminhos para as oportunidades. A desigualdade é a morte silenciosa para os pobres. Os europeus escreveram que os negros eram inferiores na inteligência, na evolução, na cultura, na ciência, na religião, etc. Os programas sensacionalistas convidam os pobres negros e não mostram o talento do negro, por exemplo, a história de um homem negro, que aprendeu sozinho, pelo livro encontrado no lixo e inspirou-o.

Muitos acreditam nos ensinamentos preconceituosos históricos divulgados pelos “pseudocientistas”, pelos filósofos europeus e norte-americanos. Os afrodescendentes estão demonstrando talento e superação, embora ainda faltam-lhes oportunidades para estudar em escolas consideradas boas. O homem da reportagem não tinha nem livros, para ler até encontrar um deles no lixo. Será que os cientistas europeus encontram os livros de inspiração no lixo? Ao limitar as oportunidades aos afrodescendentes, o Brasil perde muito talento. Não estou a falar de talentos esportivos, mas médicos (as), engenheiros(a) filósofos(a), antropólogas(o), educadoras(es), historiadoras(es) e etc.

O que nos atormenta é que a sociedade segue o formato de preconceito, uns velados e outros escancarados que aparecem nas redes sociais. Uma sociedade egoísta, hipócrita, não merece ser escondida. Leitores e leitoras evitem os preconceitos, valorizem a educação, amem a leitura e não odeiem os livros. Não adianta levar casos que emocionam para a televisão, enquanto as pessoas não pararem para pensar e deixarem de discriminar as outras. Nossa missão é reeducar a sociedade.

Desigualdades são realidades feias, não apenas aqui no Brasil, mas em outros países do mundo. Não discrimine ninguém seja ele rico, pobre, homossexual, religioso ou ateu. O caso recente destaca a imagem de uma negra empoderada com a “coroa de Black Power” na cabeça. Esse talento provocou comentários racistas nas redes sociais contra a Maju, que apresenta um bloco do Jornal Nacional. Durante muitos anos, foi difícil ouvir falar sobre comentários preconceituosos contra apresentadoras brancas.

O mais triste ainda é que a mídia se mobiliza para fazer campanhas para uma personalidade, mas quando é um pobre desconhecido, ninguém faz nada. Que vergonha desta realidade… Fábio Luiz escreveu: “Vocês não são todos Maju”. Concordo com ele, porque não adianta se posicionar pela fama de alguns e se silenciar pelos anônimos e pobres negros que sofrem racismo. Prefiro a realidade à falsidade midiática.

Gabriel Ambrósio é licenciado em Letras PUC-GOIÁS (poeta, escritor) autor do livro Áfricas Ocultas, 2015. Membro do PROAFRO e tem o pseudônimo literário, Mavenda Nuni yÁfrika. E-mail. mavendanuni@gmail.com