Quênia: Estudantes criam aplicativo para denunciar situações de emergência

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James Chege, Edwin Inganji e Marvin Makau - Arquivo pessoal
James Chege, Edwin Inganji e Marvin Makau – Arquivo pessoal

Natalia da Luz, Por dentro da África

Criado por três estudantes quenianos, um aplicativo está ajudando a minimizar sérios problemas no Quênia. A partir de um toque, Usalama (que significa segurança, na língua swahili), se conecta aos serviços de emergência (como polícia e bombeiros) para socorrer vítimas de roubo ou atos de violência.

“Ao fornecer um meio direto aos provedores de serviços de emergência, as pessoas podem se mover livremente sem medo de não conseguir ajuda. Ele te dá a certeza de que alguém vai responder e ir ao seu auxílio quando você precisar”, contou ao Por dentro da África, Marvin Makau, lembrando que o aplicativo foi baixado não apenas no Quênia, mas em países vizinhos como Tanzânia e Etiópia.

O projeto é o primeiro aplicativo dos estudantes de Ciências da Computação, que têm entre 22 e 24 anos e vivem em Nairóbi, capital do país. A ideia surgiu após um dos amigos ter o notebook roubado. Foi aí que Marvin, um dos idealizadores, percebeu que poderia ampliar a sua pesquisa para casos mais sérios como sequestro, tentativas de estupro e assassinato. Na primeira versão, em novembro de 2016, o aplicativo era conectado aos amigos e familiares. Depois, mais aprimorado, ele passou a ser ligado aos prestadores de serviços de emergência.

“A nova versão possui alguns recursos como Walk With Me, que permite andar praticamente com outro usuário do Usalama, que o notifica quando você entra em uma área considerada perigosa por já ter recebido muitas chamadas de socorro. O Timer permite que você defina um tempo para ir a algum lugar considerado perigoso. Se você demorar para chegar, uma chamada de socorro é enviada para os seus contatos”, detalhou o queniano, completando que ainda é possível ver as estações de polícia, hospitais e centros de recuperação de violência de gênero perto do usuário.

Enquanto conversava com Marvin, baixei e testei o aplicativo. No Brasil, ele ainda não está conectado aos serviços de emergência, mas funciona perfeitamente para enviar mensagens aos amigos. Cliquei no botão de emergência médica e, dois segundos depois, meu irmão e uma amiga receberam um SMS com a minha localização, informando que eu estava em uma situação de urgência médica. Mesmo não estando completamente disponível no Brasil, fiquei surpresa com a rapidez e eficiência do aplicativo. Recomendo que todos baixem.

Enquanto o número de downloads crescia (Usalama já superou 4 mil), Marvin e seus amigos iam corrigindo os erros que apareciam e acrescentando mais recursos. Para ele, a importância do seu projeto é que ele fornece acesso direto à polícia com informações detalhadas que, muitas vezes, podem ser a diferença entre a vida e a morte.

“Quando uma pessoa faz uma chamada de socorro via Usalama, sua localização é enviada para os provedores de serviços de emergência. Esta localização é atualizada a cada cinco minutos. No caso de um alvo em movimento, você pode rastrear sua localização. Isso evita o desperdício de tempo e recursos”, explicou.

Com cerca de 45 milhões de habitantes, o Quênia faz fronteiras com Somália, Etiópia, Sudão do Sul, Uganda e Tanzânia. De acordo com a polícia nacional, no ano de 2016, mais de 77 mil casos de crime foram reportados no país. Em primeiro lugar estava o roubo de veículos (cerca de 22%), seguido de assaltos, furtos, roubos à residência e homicídios (4% dos casos).

O aplicativo do grupo de jovens pode ajudar e muito na prevenção e resolução dos casos. Entretanto, o projeto, que foi finalista ao Prêmio Africano de Engenharia e Inovação de 2017, esbarra em um desafio: o precário acesso à internet no Quênia. Por isso, eles desenvolveram alternativas.

“O maior desafio para a propagação do aplicativo é a conexão à internet. Por isso, adicionamos o recurso SMS, que envia uma mensagem para os contatos da família e amigos. Caso o usuário não tenha crédito, a Usalama liga automaticamente para os serviços de emergência, e assim ajudamos a salvar vidas”.