Em nota emitida esta segunda-feira (23), a Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que Moçambique recuperou o seu status de livre da poliomielite. Além do país lusófono, Quênia e Níger também compartilham o mesmo cenário positivo após dois anos sem registrarem surtos da doença.
Para a coordenadora de Ações de Resposta Rápida da OMS à Poliomielite em África, Modjirom Ndoutabe, o fim de surtos nesses países prova que ações como resposta, imunização de alta qualidade e vigilância podem travar surtos na região.
A representante defende que essa conquista é um incentivo forte e defende que seu grupo está determinado a eliminar todos os tipos de poliomielite no continente. Para Ndoutabe, o compromisso dos governos, da OMS e seus parceiros é garantir que as gerações futuras vivam livres desse vírus.
Os casos do pólio vírus derivados da vacina são raros, mas afetam populações não imunizadas ou com baixa vacinação que vivem em áreas com pouco saneamento e baixos níveis de imunização contra a doença.
Quando as crianças recebem a vacina oral contra a poliomielite, o vírus se reproduz no intestino por algum tempo para aumentar a imunidade. Depois, esse agente é excretado das fezes para o meio ambiente e pode sofrer mutação.
Essas novas estirpes podem ser transmitidas às populações em situação de fragilidade levando ao surgimento de pólio vírus derivados da onde a imunização contra a poliomielite é baixa e o saneamento é inadequado.
Desde 2016 não houve transmissão de pólio vírus selvagem na África. Dez anos antes, essa estirpe paralisou mais de 75 mil crianças em todo o continente. A OMS destaca, no entanto, que alguns países enfrentam surtos de pólio vírus derivado de vacina.
Para que a agência declare um país livre da poliomielite, técnicos nacionais e regionais devem confirmar que não houve transmissão da poliomielite. Durante nove meses, as amostras são recolhidas em crianças paralisadas, pessoas que tiveram contato com elas ou ainda no meio ambiente.
Entre os Estados africanos onde há surtos de pólio vírus derivados de vacina estão Angola, Benim, Camarões, República Centro-Africana, Chade, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Etiópia, Gana, Nigéria, Togo e Zâmbia.
A OMS destaca que os fatores de risco para esses surtos incluem a fraca cobertura vacinal de rotina, a recusa de receber a vacina, o difícil acesso e a baixa qualidade de campanhas de vacinação que impedem o acesso a todas as crianças.
Aos países que estão nessa situação, a agência apela que garantam uma maior imunização de rotina, ao mesmo tempo em que responde os surtos seguindo regras internacionais. A outra medida é melhorar a vigilância para detectar os casos de pólio de uma forma rápida.