Denis Mukwege recebe Nobel da Paz por salvar milhares de mulheres

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Denis Mukwege – Divulgação

Por dentro da África

No leste da República Democrática do Congo, um ginecologista congolês luta pela sobrevivência de mulheres vítimas de violência sexual. No total, em 15 anos, cerca de 40 mil mulheres já foram operadas e tratadas pela equipe de Denis Mukwege. Hoje, dia 5 de outubro de 2018, ele foi considerado o vencedor do Prêmio Nobel da Paz, ao lado da iraquiana Nadia Murad (ativista dos direitos humanos da minoria yazidi).

Nadia, que pertence à minoria yazidi no Iraque, foi sequestrada e violentada pelo grupo extremista autodenominado Estado Islâmico (EI) e hoje luta contra o tráfico sexual de mulheres – Foto ONU

Como testemunha dos horrores dos estupros, Mukwege, de 63 anos, praticou a medicina com recursos básicos, criou um hospital para oferecer cuidados físicos e psicológicos em um local de extrema precariedade com escassez de água, eletricidade, segurança.

Em Bukavu, o estupro é uma arma de guerra que destrói família, comunidade, dignidade. Denis Mukwege atende mulheres violentadas que tiveram que passar por reconstituição do sistema reprodutor para que pudessem sobreviver. Por conta do seu trabalho, ele se tornou o maior especialista em danos provocados por violações, chegando a trabalhar mais de 18 horas por dia fazendo mais de 10 cirurgias.

Leia a reportagem exclusiva de Por dentro da África sobre o documentário que conta a história do Nobel da Paz 

O contexto de guerra que caracteriza a República Democrática do Congo, sobretudo o leste do país, fez das mulheres e meninas seus principais alvos. O estupro em massa praticado por soldados e rebeldes é rotineiro, e as crianças-soldado também são vítimas dessa trágica guerra. Com isso, as mulheres têm perdido o seu lugar na sociedade, após serem estigmatizadas e rejeitadas. Os estupros, muitas vezes, envolvem facas e objetos perfurantes que não apenas atingem a vagina. Nesses ataques, muitas mulheres perdem a vida ou ficam com a saúde e a vida sexual comprometidas.

RDC mapa– Esse é um grande problema para as mulheres em todos os sentidos, desde o ataque até a tentativa de resolução, porque a impunidade é enorme. Elas são estigmatizadas, abandonadas depois de uma violência como essa. Quem assume a função de recuperação da saúde mental e física das mulheres é o hospital Panzi – disse ao Por dentro da África, Thierry Michel, o diretor do documentário O homem que conserta as mulheres.

Todo esse envolvimento de Mukwege, que fez dele porta-voz das mulheres de seu país, também criou inimigos. Após ter levado vários tiros junto com um amigo, o médico pediu asilo na Europa, em 2013, mas três meses depois resolveu voltar, apesar do perigo e das dificuldades.

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