Os esforços para acabar com a mutilação genital feminina estão gradualmente a dar frutos na Tanzânia. A prevalência do ritual que marca um rito de passagem entre algumas comunidades caiu de 18%, em 1996, para cerca de 10%, em 2020.
Um número crescente de raparigas está a frequentar ritos de passagem alternativos e mais casos estão a ser relatados e tratados pela polícia graças às campanhas realizadas por ativistas e organizações não governamentais. A Tanzânia criminalizou a mutilação genital feminina em 1998.
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“Trabalhámos junto de influentes líderes comunitários, fizemos lobby junto de oficiais eleitos, prendemos perpetradores e colaborámos com ‘circuncisadores convertidos’ para organizar festivais de rito de passagem sem o corte feminino”, diz Getrude Shinje Dyabene, oficial do Centro Jurídico e de Direitos Humanos e Coordenadora Nacional da Coligação Contra a Mutilação Genital Feminina.
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Contudo, a prática persiste nas regiões de Arusha, Dodoma, Manyara, Mara, Singida, que têm maior prevalência. Uma em cada 10 mulheres na Tanzânia foi circuncidada. Embora os dados oficiais representem uma diminuição da prática, esta tem sido transmitida de geração para geração, mantendo-a viva apesar dos esforços para a sua erradicação.
Os perpetradores estão a visar cada vez mais crianças com menos de um ano, que representam 35% das mulheres que sofreram mutilações genitais femininas na Tanzânia.
“A MGF é mais do que uma prática tradicional. Os seus apoiantes agarram-se a ela religiosamente. Está ligada à dignidade e é uma atividade económica imposta por indivíduos que têm influência nas famílias e na comunidade”, diz Dyabene.