Por Fernando Guelengue, Por dentro da África
O artigo foi escrito para chamar atenção da população para o cerceamento à liberdade de imprensa. No dia de 20 de junho, 15 ativistas foram presos em Luanda.
Face à má interpretação que se tem da juventude e o seu posicionamento, vale a pena dizer que uma nova geração se molda a cada 30 anos. Durante a libertação de Angola do jugo colonial, os conhecidos libertadores, os políticos de hoje, eram jovens que queriam uma vida diferente. Queriam mudanças e tiveram mudanças. Mas não souberam alicerçar um desenvolvimento direcionado ao homem angolano. Hoje, a história se repete e nem é necessário chamar especialistas em análises bajulatórias para dizer que 40 anos após a independência também surgiriam focos de necessidade de mudanças, nem mesmo se o país andasse como as necessidades dos libertadores.
Os colonos agiam como ditadores e como não se fez uma precaução dos que tomaram o poder de assalto, eles naturalizaram a longevidade e adaptaram todas as leis possíveis para a sua devida manutenção. É com bastante tristeza que ouvi e li a avaliação que se faz em relação aos anseios dos jovens de hoje, principalmente, os que se encontram detidos desde o dia 20 de junho.
Leia mais: “O ativismo em Angola tem muitos riscos de represálias”, diz José Patrocínio
A grande confusão reside no fato de se pensar que apenas eles (esses 15 jovens) querem a mudança em Angola. Somos muitos! Somos jovens que nascemos depois da independência e nem temos ainda idade própria para concorrer em eleições como presidente da República, como se ouviu no discurso do presidente José Eduardo dos Santos, nesta quinta-feira.
Não acredito que não haja compreensão e uma leitura dos tempos nessa malta e cambada de políticos de hoje, que, quando jovens, foram exigiram do colono o mesmo que estamos a exigir deles: LIBERDADE E O FIM DOS ABUSOS E LONGEVIDADE. Não somos analfabetos, não. Somos jornalistas, artistas, advogados, psicólogos, sociólogos, arquitetos, mecânicos, carpinteiros, pedreiros, marceneiros, sapateiros, taxistas, lutadores, eletricistas, militares, zungueiras, funcionários públicos, engenheiros, trabalhadores, desempregados, jovens, idosos, crianças, etc.
Não queremos formar partido algum porque pensamos, discutimos e aprovamos que não é com PARTIDOS que resolvemos os problema de uma coletividade que vem sofrendo de ano em ano devido a má gestão do erário púbico que se encontra acoplado numa pequena minoria de corruptos que vejo todos os dias. Queremos apenas falar o que pensamos!
Queremos LIBERDADE de consciência, de pensamento, de reflexão, de manifestação, de reunião, de palestrar, de estudar, de debater os problemas que temos hoje. Não é justo nascer numa terra sem oportunidade para os seus filhos e ver um limite desproporcional para as próximas gerações. Então, nos perguntamos como temos que nos posicionar nesta maldosa e abençoada geração? A resposta é simples. ESTA se chama a GERAÇÃO DA MUDANÇA, semelhante a GERAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA. É tempo de dizer BASTA!