No Dia Internacional das Remessas Familiares, o secretário-geral da ONU, António Guterres, divulgou uma mensagem pedindo que “pessoas de toda parte” apoiem os migrantes, em uma época em que as remessas – o dinheiro que eles enviam para casa para sustentar suas famílias – caíram mais de 100 bilhões de dólares, causando fome, perda de escolaridade e deterioração da saúde para dezenas de milhões de famílias.
Em sua mensagem, Guterres reconheceu a determinação dos 200 milhões de migrantes que regularmente mandam dinheiro para casa e 800 milhões de famílias em comunidades de todo o mundo em desenvolvimento que dependem desses recursos.
Após um recorde de 554 bilhões de dólares enviados por migrantes para seus países de origem em 2019, o Banco Mundial estimou, em abril, que a crise econômica provocada pela pandemia da COVID-19 causaria o “declínio mais acentuado das remessas na história recente”, uma baixa de 19,7%. Milhões de trabalhadores migrantes perderam o emprego, empurrando as famílias dependentes abaixo da linha da pobreza.
Para ajudar os migrantes, “motores da economia global”, que fazem “contribuições cruciais para o bem-estar em todo o mundo”, o chefe da ONU pediu uma redução nos custos de transferência de remessas, serviços financeiros para migrantes e suas famílias – particularmente em áreas rurais – e a promoção da inclusão financeira por um futuro mais seguro e estável.
Tais medidas são propostas no Pacto Global das Nações Unidas para Migração Segura, Ordenada e Regular, descrito por Guterres como uma “plataforma essencial de ação”.
Migrantes enfrentam crise socioeconômica
No início de junho, Guterres lançou um briefing de políticas da ONU sobre a proteção de “pessoas em movimento”, nas quais se referia à “crise socioeconômica” que os migrantes enfrentam, especialmente aqueles que trabalham no setor informal que não têm acesso a proteção social.
A queda nas remessas, segundo ele, equivale a “quase três quartos de toda a assistência oficial ao desenvolvimento que não está mais sendo enviada de volta para casa às 800 milhões de pessoas que dela dependem”.
O chefe da ONU também pediu defesa da dignidade humana diante da crise, sugerindo que lições podem ser aprendidas daqueles países que implementaram restrições de viagens e controles de fronteira, respeitando os princípios internacionais de proteção de refugiados.