O assessor especial do secretário-geral da ONU, Jamal Benomar, convocou nesta segunda-feira (28) todos os atores envolvidos na crise do Burundi a buscarem uma solução consensual para a recente escalada de violência no país. A nação enfrenta uma crise política desde que o presidente Pierre Nkurunziza decidiu se candidatar a um terceiro mandato, ainda em 2015. Tensões antes e depois das eleições, que aconteceram em julho, levaram à morte de, ao menos, 400 pessoas e à fuga de 220 mil burundianos para países vizinhos.
Em Uganda, numa reunião com as partes interessadas do Burundi, lideranças africanas e mediadores da Comunidade da África Oriental, Benomar lembrou que o país já passou por situações difíceis e possui um “longo histórico de diálogos”. Segundo o representante da ONU, as negociações “devem ser um esforço liderado e conquistado nacionalmente, o qual nós, enquanto comunidade internacional, estamos prontos para apoiar”, afirmou.
Na semana passada (23), o assessor especial das Nações Unidas para a Prevenção de Genocídio, Adama Dieng, já havia solicitado ao governo do Burundi que autorizasse a realização de uma investigação independente acerca das atrocidades ocorridas no país. De acordo com o especialista, “é fundamental que a impunidade não prevaleça mais” na nação. Para Dieng, as investigações também poderão revelar se forças externas estão interferindo na conjuntura interna do Burundi.
O Conselho de Segurança já havia pedido (19) aos Estados da África Oriental que acelerassem as tentativas de mediação e às partes da crise burundiana que cooperassem plenamente com a missão de manutenção da paz proposta pela União Africana. O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, também alertou (17) para o risco de uma guerra civil no país, com implicações étnicas e consequências regionais “alarmantes”.