ONU alerta para colapso no sistema de saúde da República Centro-Africana

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Coordenadora da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, visita um hospital de pediatria em Bangui, na República Centro-Africana (RCA) em julho de 2013. Foto: OCHA/C. Illemassene
Visita a um hospital de pediatria em Bangui, na República Centro-Africana (RCA) em julho de 2013. Foto: OCHA/C. Illemassene

Rio – A falta de medicamentos essenciais, suprimentos e profissionais de saúde tem impedido a prestação de cuidados primários e secundários da saúde na conflituosa República Centro-Africana (RCA), contribuindo ainda mais para a deterioração e o colapso do sistema de saúde do país.

Por isso, as Nações Unidas pediram nesta terça-feira (18) recursos adicionais imediatos para ampliar os esforços e atender às crescentes necessidades da população.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmam que mesmo antes da crise na RCA, que começou há mais de um ano, o país já tinha um dos piores indicadores de saúde global, com a sexta maior taxa de mortalidade infantil e a terceira maior taxa de mortalidade materna no mundo.

O sistema de saúde, já enfraquecido, agora está entrando em colapso. Durante o conflito, as unidades de saúde foram saqueadas e as equipes médicas fugiram de seus postos. Mais de 650 mil pessoas ainda estão deslocadas internamente, com mais de 232 mil na capital, Bangui.

O porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic, alertou que as pessoas deslocadas estão enfrentando inúmeros riscos para a saúde, como a malária, doenças transmitidas pela água e infecções respiratórias, acrescentando que “a estação chuvosa está chegando, o que trará riscos adicionais para a saúde”.

A OMS e seus parceiros estão distribuindo mosquiteiros e garantindo que testes rápidos para o diagnóstico estejam disponíveis e que os pacientes sejam tratados de forma rápida e eficaz.

O financiamento será crucial, ressaltou Jasarevic, a fim de intensificar as intervenções, principalmente fora de Bangui. A OMS precisa de 16,1 milhões de dólares para cobrir suas atividades de resposta de saúde no país até dezembro de 2014.

ONU alerta que insegurança alimentar e desnutrição na RCA também são motivos de preocupação

“Toda a população, não só os deslocados, é afetada e vive em uma situação alimentar precária”, disse a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Ertharin Cousin, após sua visita ao país.

“Devemos agir antes que as chuvas agravem esta trágica situação”, informou Cousin, acrescentando que “não devemos esperar até que [apareçam] imagens de esqueletos e crianças severamente abaixo do peso documentando nosso fracasso e negligência”.

Cousin participou de um programa conjunto de distribuição de sementes e alimentos com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), advertindo que “se perdermos a época de plantio, que começa em abril, as famílias que já estão sem comida não terão colheitas. Devemos fornecer alimentos para que as famílias não sejam obrigadas a comer as sementes para sobreviver”.

RCA - ONUCom apenas 35% do financiamento garantido para a sua operação de emergência na RCA até agosto, o PMA não conseguiu pré-posicionar estoques de alimentos necessários para alimentar e salvar as vidas de milhares de pessoas durante o período das chuvas e o período de escassez anual, quando os alimentos da última colheita se esgotam.

O PMA também avisou que está enfrentando, junto com outras agências humanitárias, uma falta de financiamento que pode forçá-lo a interromper a assistência alimentar aos refugiados na RCA, no Chade e na República Democrática do Congo, caso novas contribuições não sejam recebidas.

Com informações da ONU