“O Terror de Allah”, Por Ademir Barros dos Santos

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Grande Mesquita, na Arábia Saudita, é considerada o maior centro de peregrinação do mundo - Foto: Wikipedia
Grande Mesquita, na Arábia Saudita – Foto: Wikipedia

Por dentro da África, por Ademir Barros dos Santos

Instituição: Universidade de Sorocoba – Centro de Ciências Humanas – Núcleo de Cultura Afro-Brasileira 

Sorocaba – Os ataques terroristas aos Estados Unidos provocaram a comoção internacional, como não poderia deixar de ser; como esperado, esta comoção veio acompanhada do necessário repúdio às ações políticas que, sorrateiras como cobras venenosas, utilizam-se da força, da covardia e da traição para, à custa de vidas inocentes, afirmarem-se mundialmente.

Entretanto, tal repúdio produziu, como substrato indesejável, a vinculação da religiosidade islâmica ao terror internacional, despertando violentamente o inafastável sentimento de intolerância que sempre acompanhou o desenvolvimento humano.

Assim sendo, muçulmanos pagam por terroristas, e se tornam alvos e vítimas tão inocentes quanto aquelas que desavisados justiceiros tentam vingar. Assim, tais justiceiros equiparam-se, sem sombra de dúvidas, àqueles que condenam, pois agem tão irracional e covardemente quanto eles, sem que se dêem conta disto. Antes, justificam-se e se revestem das roupas de super-heróis fantasiosos, salvadores necessários da pátria ofendida e vilipendiada, como se justificativa coubesse a quem quer que seja, que aja sem conhecimento, sem tolerância, sem qualquer sentimento de justiça que não aquela executada pelas próprias mãos, que se tornam tão assassinas e ensangüentadas quanto as que querem castigar.

Mas, por que tanta confusão? Por que o Islã e o terror assumem a mesma face? Terá mesmo, esta religião, fundamentos vingadores e intolerantes? Se os tiver, serão tão intolerantes quanto o foram a Inquisição e o Calvinismo dos primeiros tempos? Ainda assim, merecem o apedrejamento público a que estão submetidas hoje mesquitas em todo o mundo, quais modernas Madalenas?

É de se notar, antes de qualquer julgamento, que o Islã reúne, hoje, em suas fileiras religiosas, algo em torno de um quarto ou mais da humanidade: serão todos terroristas? É de se notar mais: o Islã é a religião que mais se difunde na atualidade, e seus novos adeptos, em sua maioria, têm curso superior – ou seja, escolheram o islamismo conscientemente, detentores que são, ou deveriam ser, do conhecimento de todas as crenças possíveis; não o escolheram por força, fato de que é testemunha de longa data a nossa própria história. Não o escolheram, por outro lado, como resultante de qualquer incansável trabalho desenvolvido por catequistas sobre povos de pouca escolha. Sequer o escolheram porque centrados, geograficamente, em qualquer área do planeta que os sujeite à ação de qualquer proselitismo religioso que, por fim, os convenceu. Escolhem o Islã os universitários porque, o conhecendo, julgam-no a filosofia que melhor responde às suas crenças e a seu estilo de vida, e só!

Então, estamos diante de um contra-senso? Uma religião que pretensamente prega a destruição de seus não seguidores, traz para suas fileiras gente estudada que, em sua maioria, defende a paz e a tolerância? Ou a religião está mal compreendida, ou a humanidade caminha para a auto-destruição em nome da fé…!!!

Na verdade, o que há é mera distorção dos fundamentos islâmicos, resultado infeliz da propaganda política que estende a todo o Islã a tendência revolucionária de alguns poucos de seus líderes, todos ultra fundamentalistas, e com interpretação própria do Livro Sagrado, o Al Koran – distorção esta que pode ser localizada no momento em que a Pérsia deixou de lado todo o ocidentalismo, a partir de seu domínio pelos fundamentalistas comandados pelo ultra conservador Ayatollah Khomeini, abandonando então a proveitosa parceria econômica que mantinha com os Estados Unidos.

A partir deste fato, novos governos foram tomados pelo fundamentalismo islâmico ortodoxo, especialmente da facção xiita que, a partir de então, passou a ser confundida com o terrorismo internacional.

Ora, nem só de xiitas vive o terror: não se pode esquecer da ação dos tupamaros no vizinho Uruguai, à época da ditadura militar naquele país. Mais recentemente, Irlandas digladi- am-se em luta de morte sob o manto do Cristo, condutor comum de todos os cristãos, quer católicos, quer protestantes. Também a Espanha, sempre tão católica, não se livra dos ataques do ETA, e Sarajevo tende a se tornar nada mais que um desabitado ponto geográfico no mapa, perdido em meio aos Balcãs de tantas guerras.

Portanto, nem só de ayatollah’s vive o muçulmano. Não há ayatollah na Indonésia, mas há, por lá, a maior comunidade islâmica que o mundo conhece. Também não há qualquer ayatollah ao norte do Saara, totalmente habitado por muçulmanos de primeira hora.

Isto posto, vamos, embora de forma pífia, conhecer um pouco do islamismo, religião que prega, antes de mais nada, a tolerância, e a tolerância inconteste aos “povos do Livro”- isto é, àqueles que seguem às religiões reveladas: judeus e cristãos que, hoje, os combatem ferozmente.

Para ler o artigo na íntegra, clique aqui O terror de Alah – Autor- Ademir Barros dos Santos

Ademir Barros dos Santos é coordenador da Câmara de Preservação Cultural do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira – NUCAB – da Universidade de Sorocaba – UNISO.

Por dentro da África