FAO: Nações lusófonas devem combater mudanças climáticas

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Foto – UNICEF, de Mark Lehn – Moçambique

Com informações da ONU

Em encontro que marcou os 20 anos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o brasileiro e diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, destacou que a relação entre os dois organismos deve incluir discussões sobre o combate às mudanças climáticas e sobre a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

“Muitos dos países da CPLP foram afetados pelo fenômeno do El Niño, como o Brasil, Moçambique e Timor-Leste. A abordagem do apoio da FAO a esses países não se concentra apenas em salvar vidas, mas também em preservar a lavoura, a pecuária, enfim, os bens produtivos que são afetados com a seca intensa”, explicou Graziano.

O dirigente também chamou atenção para os prováveis impactos do La Niña — fenômeno que deverá atingir o planeta a partir do segundo semestre, provocando numerosas inundações, ao invés das estiagens causadas pelo El Niño.

A FAO tem apoiado diversas iniciativas de cooperação entre as nações lusófonas, como o Programa de Aquisição de Alimentos para a África, ou PAA África, inspirado pelo modelo brasileiro em que o governo compra comida de pequenos agricultores para abastecer iniciativas de alimentação escolar e estimular a economia local.

“A Cooperação Sul-Sul, que é amplamente apoiada pela FAO e dinamizada em várias de nossas atividades, está no núcleo da CPLP. Estamos prontos para trabalhar juntos nessa área, ainda mais intensamente, pelos próximos anos”, afirmou Graziano.

Apesar dos projetos positivos já existentes, o chefe da agência da ONU alertou que desafios persistem em muitas áreas.

“Todos os países da CPLP são costeiros, mas apenas três deles — Cabo Verde, Moçambique e Portugal — ratificaram o Acordo do Estado Reitor dos Portos. Como se sabe, a pesca ilegal é uma questão sensível e afeta todos os países. Vamos apoiar uma política única da CPLP nesse sentido”, apelou.

Brasil assumirá presidência temporária da CPLP

No segundo semestre de 2016, o Brasil assumirá a presidência pro-tempore da CPLP e já informou que deverá priorizar a consolidação dos Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSANs), instituídos durante a Cúpula de chefes de Estado e de Governo em Maputo, há quatro anos.

“Consolidar a instituição dos Conselhos será fundamental para a agenda da CPLP, especialmente no contexto daDécada da Nutrição recentemente aprovada na Assembleia Geral da ONU”, afirmou a representante permanente do Brasil junto à FAO, a embaixadora Maria Laura da Rocha.