“Guiné-Bissau: meu país, meu orgulho!”, por Suleimane Alfa Bá

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Vírginia Yunes - Guiné Bissau
Vírginia Yunes – Guiné Bissau

Suleimane Alfa Bá, Por dentro da África 

Bissau – Tudo começou na década de 50 do século XX, quando o ambiente de descontentamento geral que se expandia por toda a África repercutiu nas colônias portuguesas um profundo anseio pela liberdade.

Foi assim que Amílcar Cabral juntamente com cinco patriotas da Guiné-Bissau e Cabo Verde, em 19 de setembro de 1956, criaram, na cidade de Bissau, o Partido Africano Pela Independência de Guiné e Cabo-Verde, o PAIGC, cujo o objetivo principal era “a conquista imediata da independência e a construção da paz, do bem-estar e do progresso para o povo da Guiné e Cabo Verde”.

Independência que se tornou realidade apenas 17 anos depois da criação do partido libertador, após intensas lutas. Foi em 24 de setembro de 1973 que se deu a proclamação unilateral da independência de Guiné-Bissau, reconhecida por Portugal apenas depois da queda do regime ditatorial, em 10 de setembro de 1974.

Hoje, mais de 40 anos após a nossa independência, o povo guineense ainda continua refém dos seus próprios governantes. A instabilidade sociopolítica, a crise econômica e a falta do espírito patriótico pioram a situação da Guiné-Bissau. Uma data que deveria ser comemorada com festa e alegria por todos, passa a ser comemorada com mágoa e arrependimento.

Será que esse era o desejo de Cabral e das pessoas que deram suas vidas em prol da libertação da nação guineense? Será que valeu a pena?

Meus irmãos, nunca é tarde! Ainda há tempo de sentarmos para uma profunda reflexão sobre o nosso país. Essa data deve servir para isso também! A Guiné-Bissau está vivendo momentos difíceis em sua democracia, mas qualquer país que procura consolidar a sua democracia passa por momentos como esse, pode não ser da mesma forma, mas isso acontece.

Assim sendo, independentemente de ser político, precisamos todos ter a capacidade de pensar em uma Guiné-Bissau próspera. Por isso, eu ainda tenho a esperança de que a reflexão possa fortalecer as pessoas para evitar a catástrofe. Assim sendo, como ser humano e cidadão guineense que sou, peço aos nossos representantes máximos da nação que consigam ter paciência e vontade de pensar no bem-estar do seu povo. Pensem e pensem mais vezes, e procurem uma saída rumo ao desenvolvimento.

As divergências podem existir, mas da mesma forma também deve existir a capacidade de dialogarmos, pois, na verdade, não existe mal, não existe divergência e não há conflito no mundo que um bom diálogo não resolva, ainda mais se for entre irmãos da mesma pátria. A Guiné-Bissau é nossa! Só nós podemos resolver os nossos problemas, o nosso povo já sofreu muito, e tudo porque os homens não querem dialogar.

Há momentos em que é necessário deixarmos o nosso orgulho de lado. Agora é a hora, é a hora certa de sentarmos na mesma mesa para conversar. Esqueçam por um minuto, se possível, que um é presidente da República e que outro é primeiro-ministro, mas, não se esqueçam que vocês são guineenses e seres humanos. Não esqueçam que tudo nessa vida é passageiro, nada é eterno.

Por isso, tenham piedade do povo guineense, sejam homens verdadeiros, homens capazes de pensar no bem coletivo, assumam as vossas responsabilidades! Viva a paz, viva a democracia e viva o povo da Guiné-Bissau.

Suleimane Alfa Bá estudante de Ciências Humanas em UNILAB