Rio – As políticas de antiescravidão do Brasil foram destaque no Índice de Escravidão Global inaugural da Fundação Walk Free, que luta contra a escravidão mundial através da mobilização de um movimento ativista global. O relatório revela que mais de 200.000 pessoas ainda são escravizadas no país.
O índice, que passará a ser publicado anualmente, é o primeiro deste gênero e fornece os indicadores mais precisos e abrangentes da extensão e do risco da escravidão moderna. A pesquisa coloca o Brasil na 94ª posição entre os 162 países avaliados e elogia o país pela sua postura e política de antiescravidão. A pesquisa que faz recomendações aos orgãos políticos do Brasil e do mundo, revela que:
– O governo brasileiro foi bastante ágil ao combater a escravidão moderna dentro das suas fronteiras, assumindo um papel ativo no reconhecimento de sua existência e na promoção do ao debate. A “lista suja” de indivíduos e corporações considerados responsáveis por situações de escravidão moderna é destacada no relatório, que recomenda que a lista seja fortalecida e incorporada como projeto de lei.
– Apesar dos esforços, estima-se que mais de 200.000 pessoas ainda estejam sendo escravizadas. Essas pessoas foram encontradas trabalhando nas áreas da pecuária, exploração de madeira, mineração, agricultura em áreas rurais e na fabricação de roupas em cidades. Existe a preocupação de que alguns dos responsáveis possam escapar do processo judicial mesmo quando identificados.
– Os países do Caribe e da América Latina apresentam bons resultados no índice, exceto o Haiti, que ocupa o segundo lugar no índice devido à ampla escravidão infantil. A região não tem nenhum outro país entre os 50 piores colocados.
O índice estima que mais de 29 milhões de pessoas vivem em condições de escravidão moderna em todo o mundo. A Mauritânia aparece em primeiro no Índice, com a maior proporção estimada da população escravizada no mundo. Acredita-se que o país da África Ocidental, com seu sistema de escravidão hereditária profundamente enraizado, tenha cerca de 150.000 escravos entre uma população de apenas 3,8 milhões.
O Haiti, onde a escravidão infantil também é comum, está em segundo lugar, seguido pelo Paquistão.
“Seria reconfortante pensar que a escravidão é uma relíquia do passado, mas ela continua sendo uma cicatriz na humanidade de todos os continentes. Este é o primeiro índice de escravidão, mas já pode moldar os esforços nacionais e globais para erradicar a escravidão moderna em todo o mundo. Sabemos agora que apenas dez países abrigam mais de três quartos das vítimas da escravidão moderna. Os esforços globais devem se concentrar nesses países,” disse Nick Grono, CEO da Walk Free Foundation.
“A maioria dos governos não se aprofunda nas questões de escravidão por uma série de motivos ruins. Há exceções, mas muitos governos não dão conta das pessoas que não podem votar, que estão isoladas e que provavelmente se encontram numa situação ilegal. As leis estão em vigor, mas as ferramentas, os recursos e a vontade política são escassos. E como os escravos escondidos não podem ser contados, é fácil fingir que eles não existem. O índice visa mudar este quadro,” disse o Professor Kevin Bales, pesquisador-líder do índice.
Sobre o Índice
Em 2013, a escravidão moderna assume muitas formas e é conhecida por muitos nomes. Quer seja chamada de tráfico de seres humanos, trabalho forçado, escravidão ou práticas similares à escravidão (uma categoria que inclui servidão por dívida, trabalho forçado ou casamento servil, venda ou exploração de crianças, inclusive em conflitos armados), as vítimas da escravidão moderna têm a sua liberdade negada e são usadas, controladas e exploradas por outra pessoa para fins lucrativos, sexuais ou prazer da dominação.
As estimativas de prevalência da escravidão moderna são baseadas em três fatores: a prevalência de escravidão moderna pela população, o casamento infantil e o tráfico de pessoas dentro e fora dos países. O índice também identifica os fatores de risco da escravidão e analisa o poder de resposta dos governos. Quando combinados, eles produzem a imagem global mais detalhada atualmente disponível da quantidade de pessoas escravizadas.
O índice também identifica fatores que esclarecem o risco de escravidão moderna em cada país e analisa o poder de resposta dos governo na abordagem deste tema para os 20 países que se encontram no início e no fim da lista de classificação do índice. O índice analisa ainda a prioridade dada para erradicar a escravidão moderna, os métodos usados para lidar com o problema, e como eles poderiam ser melhorados em cada país.
O índice de Escravidão Global foi criado em colaboração com um painel internacional de especialistas de organizações internacionais, centros de pesquisa e instituições acadêmicas. O índice foi apoiado por líderes mundiais, tais como Hillary Clinton, Tony Blair, Gordon Brown, Julia Gillard, Bill Gates, e Mo Ibrahim.
O relatório do Índice de Escravidão Global pode ser encontrado no seguinte link www.globalslaveryindex.org
Com informações de Portland Communications