Fernando Guelengue, Por dentro da África
Luanda – A Universidade Católica de Angola (UCAN), por meio do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) em pareceria com Chr. Michelsen Institute e Statoil lançou, no último dia 20, um compêndio de Ética no funcionalismo público, empresas e negócios. O objetivo da iniciativa é transmitir valores de transparência e de boa governação, além da inserção do tema nos planos curriculares de instituições de ensino superior do país.
Estiveram presentes no encontro Pe. J. Cahinga, vice-reitor para a investigação cientifica; o diretor-geral da Statoil Angola, Marc Courtemanche; o investigador e docente universitário Nelson Pestana representando Dr. Alves da Rocha, diretor do CEIC; docentes de diversas instituições de ensino superior, representantes religiosos e membros da sociedade civil.
O vice-decano da faculdade de Teologia e diretor do Centro Fé e Cultura, Pe. Eurico Satumbo, abordou a Ética nos seus mais variados aspectos. De acordo com ele, o ensino da Ética precisa conquistar maior espaço no contexto nacional, pois os constantes apelos ao resgate dos valores morais, o empenho em agregar matérias sobre éticas nos currículos escolares, a baixa qualidade da hospitalidade social nos setores públicos e privados aliados à crise econômica são sintomas que indicam claramente a necessidade do ensino da Ética.
Na sua preleção, o também docente de Ética na UCAN fez saber que a Ética é uma teoria que permite identificar o que é correto e como se deve agir, considerando o sistema de normas, princípios e valores morais. Durante o encontro, Marc Courtemanche, diretor-geral da Statoil, disse que a sua empresa tem estado a apoiar vários investimentos sociais em Angola que fazem parte da responsabilidade social das empresas. “Esses investimentos concentram-se em três áreas prioritárias como a educação e capacitação profissional; desenvolvimento comunitário e direitos humanos; ética e boa governação”, finalizou.
O livro de 320 páginas foi dividido em três âmbitos de abordagens: ética no setor público, nas empresas e nos negócios e escrito por quatro autores estrangeiros e um angolano. O investigador e representante do CEIC, Nelson Pestana, acredita que o interesse em relação a ética não é só da sociedade. “O próprio meio acadêmico tem igualmente interesse da divulgação da ética para evitar as fraudes acadêmicas, para formar profissionais com um bom retoque técnico-profissional e valores éticos”, destacou Bonavena, acrescentando que o interesse social e acadêmico é tornar a sociedade mais coesa, menos conflituosa.
Com base na necessidade de informação os estudantes e docentes sobre ferramentas sobre ética, o CEIC assinou um acordo com a Statoil em 2007, que resultou na edição de três compêndios, nomeadamente, sobre ética nos negócios, no setor público e administração dos recursos naturais, este último apenas em inglês. Esse material foi distribuído aos estudantes e docentes da UCAN com a missão de dar subsídios aos professores que leccionam cadeiras que têm conteúdos voltados à ética.
Em 2012, a coordenação dos compêndios decidiu disseminar o projeto por meio de palestras no meio universitário. “Dado o sucesso destes dois programas decidimos fazer uma maior disseminação do novo programa que passa pela publicação deste compêndio de Ética, palestras nas Universidades e outras instituições, reuniões de advocacia da disciplina de ética nas universidades, mesa redonda sobre o ensino da ética e o programa radiofônico mensal”, salientou. Um estudo sobre a Etiópia foi desenvolvido para se compreender a questão da gestão da ética no funcionalismo público daquele país africano.