Por dentro da África
Nas últimas duas décadas, a África Subsaariana conseguiu reduzir em 30% o número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar. Apesar do avanço, ainda há obstáculos a serem superados como alterações climáticas, conflitos políticos e desigualdade social. De 1990 até 2015, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, o percentual de pessoas na pobreza caiu de 33,2 para 23,2%, de acordo com o relatório The State of Food Insecurity in the World 2015.
“O desempenho econômico de África continua robusto, com taxas de crescimento acima da média mundial. No entanto, ainda há vulnerabilidade às mudanças do clima, as perdas pós-colheita são consideráveis e nem todos se beneficiam com os recursos do crescimento econômico no continente”, disse em comunicado o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, durante a Conferência Regional para a África, realizada em abril deste ano, na Costa do Marfim.
Com o apoio do CAADP (Comprehensive Africa Agriculture Development Programme), mais de 95 projetos de investimento agrícola e de segurança alimentar foram implementados em 40 países da África, nos últimos anos. Em Moçambique, em 2003, a União Africana fez a primeira declaração sobre o programa como uma parte integrada da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD). Nove anos depois, em 2012, a FAO ajudou a criar o Fundo de Solidariedade da África (ASTF), que mobiliza fundos para apoiar projetos de segurança alimentar no continente.
Diferentes iniciativas e políticas públicas influenciaram esses avanços, inclusive, algumas inspiradas na experiência brasileira de combate à fome como o Programa de Aquisição de Alimentos África (PAA-África), estabelecido em cinco países africanos (Níger, Malawi, Moçambique, Senegal e Etiópia) e concebido para apoiar os esforços globais de erradicação da fome e da desnutrição.
De acordo com dados da FAO, a África Subsaariana é a região com a maior prevalência de desnutrição no mundo, com 23,2%. Apesar da fragilidade, percebe-se um esforço intenso em melhorar a produtividade agrícola e infraestrutura a fim de reduzir a pobreza extrema pela metade, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estabelecidos em 2000 pela ONU. No ano passado, 18 países da África Subsaariana alcançaram a meta. Gana, por exemplo, reduziu a pobreza de 52% para 21%. Na região da África Ocidental, o progresso foi surpreendente: de 24% registrados nos anos de 90-92, para 10%, nos anos de 2014-1016.